quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A VIDA E A MORTE NO ESPAÇO/TEMPO


Diante da complexa exposição toca a luz da racionalização sobre a morte, desenvolvida no contexto da aurora cartesiana, que contempla que tudo pode ser previsto, quantificado e compreendido, mas que é recepcionada por muitos como um disparato utópico. Nesta mesma racionalização cartesiana, se tipifica que o tempo é linear e a morte não é um antagonismo consequente da vida, mas sim do nascimento. Numa plausível realidade os fenômenos do nascimento e da morte se contemplariam simplesmente como marcos referenciais no ciclo vital de um ser.
Supostamente, as racionalizações contemporâneas do universo de Tánatos se fundamentam em noções formuladas, observadas como imperfeitas pela Ciência da Física contemporânea, como a existência de um elemento que preenche um espaço e que dura por um período temporal. O que é que se extingue? Dentro de observações científicas experimentais, o “estado terminal” se desenvolve em todo momento e no que tange todo o suposto ciclo vital, não se configurando em um simples fenômeno que se finda, como se poderia racionalizar. 
No plano celular, distante de se configurar como uma catástrofe, o fim do ciclo celular é uma realidade que integra um complexo processo de aprendizagem e de auto-organização identificado como apoptose. Concebida, já no início do processo embrionário, a apoptose se tipifica como uma espécie de “suicídio celular”, que abrange, desde a desagregação dos dedos dos pés e mãos, até a extinção em grande escala de uma superpopulação de células de defesa, que se encontram sem função, após combater e destruir um agente patológico.
Este condicionamento de “se suicidar”, distante de ser um acontecimento raro é uma regra que possui a dependência e a todo instante da necessidade capaz de buscar no ambiente interno do organismo referenciais energéticos e informativos que a impossibilitem. Esse natural condicionamento dinâmico de promover uma espécie de comunicação temporária com o mundo interior, no contexto de um diálogo vitalício entre populações celulares é dentro de uma plausibilidade científica o mecanismo primordial por prover a vida e afastar, instante a instante, o fato gerador do “suicídio”.
Diante deste processo, o fenômeno apoptose é o responsável pela incessante manutenção renovadora do complexo corpo humano. Que se tipifica em uma constante sucessão de um estado que pereceu para um estado renovado perfeitamente ao original. Um exemplo deste processo é a mucosa do estômago que constantemente se renova, sempre dentro de um período de uma semana. A pele inteira sofre este processo de renovação no período cíclico de um mês. Os ossos sofrem este processo cíclico de renovação no contexto de noventa dias aproximadamente. O fígado em aproximadamente em um mês e meio, etc.. Sendo assim, é notório que o corpo físico do ser humano, com seus incontáveis números de átomos, substitui espontaneamente aproximadamente 98% desses elementos, todos os anos solar, de modo que no tanger de cinco anos solar/gregoriano aproximadamente, todos os átomos do corpo humano se tornam livres a vagarem pelo planeta, enquanto outros, que vagavam livres, são recepcionados e condicionados por reações químicas e físicas a estruturarem o nosso corpo físico.
O corpo físico supostamente “morre” dentro de períodos convencionados de cinco anos solar/gregoriano. Diante deste fato se questiona: o que é que permanece? Nem os átomos escapam deste processo terminal. Pois, até eles possuem um tempo de existência, que varia de elemento químico, para elemento químico. As energias também sofrem este processo. Porém, não percebemos, porque a vida delas muitas vezes é de milhares de anos ou porque, nunca consideramos um átomo ou uma energia como portadora de “vida” apesar  de existirem. Pois, vida para nós, é andar, falar, mover-se,..., é um condicionamento natural terráqueo.      
É fato que o corpo físico está em incessante processo de recepção e substituição de seus átomos, com o ambiente que faz parte. Seja pela respiração, ingestão e eliminações. Dentro deste raciocínio a pele não se comporta como um limite externo. Neste contexto se reflete sobre em que instante de nossa existência, o que pertencia ao Universo começou a pertencer ao corpo?  Em que instante vital o que fazia parte do corpo passa a ser do Universo? A grande questão é: o que pertence ao Universo e o que pertence ao corpo vital? Diante desta exposição ao nos detemos a refletir sobre isto, observamos que tudo que se manifesta não contempla nenhuma individualidade. Sendo assim, é plausível que toda a criação deslumbrada é impermanente, impessoal e interdependente, ou seja, é um conjunto de elementos.
Outro fator complexo para a concepção humana atual diz respeito ao reino de Cronus. Segundo a ciência contemporânea que chegou a uma plausibilidade que o tempo não tem um espírito absoluto, da mesma forma como o espaço. É possível, que não exista algo no que tange um tempo linear. Eis que o tempo está intimamente relacionado aos sentidos humanos, sendo parte do homem racional, de nossa psique. O homo sapiens sapiens é o único ser conhecido consciente e com sensibilidade no planeta Terra que possui alguma percepção do que se contempla como tempo linear. A partir desta observação, nascimento e morte, para a Ciência da Física contemporânea são raciocínios construídos inconscientemente pela psique dos seres da raça de ferro, fundamentado em uma interpretação do tempo no patamar de absoluto que está contido em um suposto contexto real exterior ao ser humano. Hipoteticamente, nem esse tempo absoluto, tão pouco essa realidade exterior existem. Sendo que uma suposta noção de “momentos” que fluem unidirecionalmente é uma particularidade da psique do homem, que involuntariamente interpreta a realidade que nos cerca e influencia, demonstrando-nos o “universo da mente”. Um universo que mente, ou um mundo ilusório.
Para alguns filósofos e cientistas a única convicção que é plausível é que o passado existe. Isto se dá devido o tempo presente ser extremamente passageiro, a ponto de não ser detectado pela percepção, ocorrendo o mesmo com o que tange o futuro, mas de forma complexa. Mas, existem seres racionais que se vinculam ao tempo passado, convivem com os erros e consequentes arrependimentos, magoas e com momentos que marcaram positivamente, que vivem nesse passado. Perdem a noção de viver o estado presente, alimentando a certeza de que o tempo presente é uma espécie de raciocínio que processa a ideia de “futuro do passado”. A partir desta exposição a Ciência da Psicologia contemporaneamente demonstra que o estado passado se condiciona eternamente no tempo presente. Sendo que todas as ideias inter-relacionadas que possuem um denominador emocional comum, o qual influencia significativamente as atitudes e comportamentos de um indivíduo que nos acompanham no tempo presente. Nesta perspectiva, passado perde sua natureza, não sendo mais o passado. Ou seja, viver no passado, do passado e pelo passado é um fator condicionante de involução e evolução ao mesmo tempo e espaço. Se desvincular do passado é um grande passo para se contemplar qualquer novo horizonte. No entanto desvincular é diferente de esquecê-lo, pois, é ele que possui as gêneses das experiências, que servirão para dar segurança ao desbravamento de novas circunstâncias. 
Partindo da noção leiga que recepcionamos a ideia de “presente”, concluímos o que se concebe que é “o passado”. A partir desse comum fato, a única concepção plausível que se concretiza é um eterno presente. Já a vida deveria ser os fatos que nos permeiam enquanto recordamos do passado ou articulamos planejamentos para o tempo futuro, ou seja, na concepção do budismo tibetano: o presente é real.
Na concepção estruturada de alguns físicos, no contemporâneo deslumbre de um tempo não-linear, os episódios cotidianos da vida nos precedem e não se produz nada inovador. Eis, todas as coisas já existem, sendo assim, elas apenas sofrem um processo de redescobrimento. A filosofia platônica considera que aprender é só uma circunstância relacionada a recordar. Não muito diferente, o pensamento hegeliano observou a perspectiva onde nada que exista é verdadeiramente novo. Neste contexto, não existe o passado nem o futuro. Ou seja, é possível admitir que o estado presente sempre carregasse involuntariamente em sua estrutura todo o estado passado. Eis, que isto é possível, porque é o produto final dele, e introduz no mesmo momento toda a potencialidade para o futuro. O brilho das estrelas e a própria existência humana, nos transmitem uma lembrança velada do Universo. Os seres da quinta raça são fragmentos residuais de estrelas que já desapareceram. Cuja vagante luz, permite visualizar a resenha de suas passadas existências. É possível desenvolver uma noção, a qual a Natureza contempla uma intima, única e complexa forma de “memória”.  No deslumbre poético, é concebível expressar que o ser humano é um ensaio das estrelas de se verem refletidas.
Imaginando a possibilidade, em um contexto onde conseguíssemos apagar a nossa memória íntima e as conjecturas. Fazendo desaparecer o passado e o futuro, só nos restaria um “agora”. Desta forma perceberíamos que o Universo está fluindo constantemente, sofrendo o processo de metamorfose evolutiva a cada infinitesimal do estado “agora” e descartando o seu vestígio no que tange a “memória” exclusiva da Natureza. Diante disto, somos conduzidos a desenvolver uma resolução que o Universo é um processo no qual estamos inter-relacionados, o qual nos conduz; um conjunto de ações criativo que não se findou. É possível que não “ocorreu” uma criação do Universo e da Era dos Homens; existe, uma criação do Universo e do ser humano! O homo sapiens sapiens  é uma semente, uma variável complexa. O que se pode contemplar da noção de passado e futuro, a partir disso tudo? Na perspectiva, da Física esta resposta poderia se enquadrar na racionalização que a “distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão, embora persistente”. 
Existem também sustentações com razões e argumentos que a teoria dos campos unificados para tornar claro o mundo quântico, seja ele o futuro como também o passado. Os quais estão indefinidos. Do mesmo modo, que o observador influi no contexto do caminho e da conduta natural das sub-partículas, nos ensaios científicos desenvolvidos nos aceleradores, no condicionamento que a psique do ser duplamente sábio, analisa o seu passado na contemplação da gênese de tudo, a consciência influi e escolhe uma entre as infinitas possibilidades de justificativas.
Que o pensamento é primordial no Universo. Isto já era corrente no pensamento de diversos povos, no que tange milênios de anos passados.  A milenar filosofia indiana desenvolveu o raciocínio, que a matéria tem origem da Mente Divina e é notória à psique humana, sendo que a mente do homem quanto a matéria são ocorrências de curta duração da Psique Divina e possui existência superficialmente formal: “na realidade só a Mente Cósmica existe”.
Para a astrofísica, o material basilar do Cosmo é a matéria-prima da mente. Sendo assim, a noção de vazio para a escola budista Cittamatra segue a regra da ciência. Eis uns de seu ensinamento que permitiu criar esta relação: o “fenômeno observado, e interpretado como externo a nós mesmos, é composto da mesma substância da mente. Negar a existência do objeto seria negar a existência da mente”. 
Neste contexto, onde tudo que existe, não existe, está “morto”. Então o que é a morte? Na era remota das civilizações, se condicionava o marco do estado de morte no que tangia o fim do processo de parada respiratória, este contexto é descrito no livro sagrado Gênesis. No entanto, no que tange a contemporaneidade esta condição por si só, não é mais plausível. Eis, que observou devido aos avanços da Ciência, que se a duração de parada respiratória for de curto momento o ser terá uma possibilidade de ser reanimado. Da mesma forma, é da consciência de muitos que mesmo a parada cardíaca não é mais um parâmetro delimitador.
No século XX depois de Cristo, o momento desencadeador da morte condicionou-se a ser relacionada com a falência da consciência e da atividade do sistema nervoso central. Ou seja, a cessação do funcionamento tronco encefálico, a qual se desencadeia no efêmero contexto de minutos de ausência de glicose ou oxigênio. Mas ocorrem situações em que pessoas conseguem retornar à vida com seis meses, já outras que resistem por períodos longos de aproximadamente quatro décadas ligadas a aparelhos. Mesmo com os avanços científicos, é fato, que o ser humano não é capaz de afirmar com convicção, no que tange todos os casos terminais, quando um ser já não possui alguma condição de retomar a consciência. E neste contexto que é percebido, que certas variáveis, não possuem uma contemplação existencial do conhecimento humano.

Quando se coloca em prática, as emergentes noções de tempo, espaço e matéria ocorrem questionamentos de uma nova formulação de racionalização sobre a morte, possivelmente se construirá uma argumentação lógica em defesa da manutenção da morte física. Ou seja, supostamente é no espaço-tempo que transcende a racionalização de finalidade. Porém, não irá ser este motivo, que a milenar contemplação de fatos dos homens irá se forjar com facilidade a essa análise teorizada. Bilhões de seres vivos já se extinguiram no planeta. Ou seja, morreram! É um acontecimento natural da vida.

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