A Ordem chama os seres que conhecem o seu
segredo de funcionamento, de formas inusitadas para protegerem o ciclo da vida
e a Teia da Vida. Pois, um não existe sem o equilíbrio da outra. Caso
contrário, a primeira desaparece e a outra recomeça um novo sistema, se
direcionando a uma nova realidade. Sendo que a segunda tem algumas
características que se liga a ideia de tempo. Ou seja, a Teia, não tem começo e
tão pouco fim, assim como a convenção tempo.
A ideia de
Ordem não se liga a crenças, tão pouco a filosofias utópicas ou científicas com
exclusividade, mas a todas elas num mesmo contexto ilógico, só que de forma de
entendimento e de exposição diferente. Eis que, ela é apenas o que acontece, e
se tenta explicar no universo de várias formas e métodos. No entanto, ela é
real e a observamos ao nosso modo. E quando não se consegue explicar certos
fenômenos, se viaja ao mundo místico, até o dia que pela lógica e
cientificidade, aquele fenômeno deixa de ser magia e se torna uma simples
tecnologia. Então não se defende uma religião, um ser sobrenatural, um sistema
ou uma filosofia. Defende-se, o que nos mantém vivos. Simples e objetivo como a
justiça da Rede.
Diante disso
se a Ordem se protege e nos protege em um momento fundado nas crenças místicas,
então a nossa missão é proteger a credibilidade daquilo que é pregado pela
crença, no entanto, sem se tornar alienado a ela. Se a Ordem verifica a
necessidade de existir pela visão da filosofia, se protege a filosofia, mas
sempre sob a luz da sabedoria. Mas se a Ordem se fundamenta nas duas
tendências, se protege a credibilidade das duas. Porém, o que se combate é tudo
aquilo que afronte o ciclo da vida e a ordem que mantém este ciclo. Isto não
quer dizer, que ao defender o ciclo da vida, se tenha que se privar de acelerar
o ciclo vital daquele que corrompe a existência geral. Pois, o que é mais
plausível, até o momento como ciclo da vida, se refere no contexto de um
sistema que possui um começo, meio e fim. Ou seja, os seres humanos e os seres
vivos existem graças ao ciclo que compreende a sua concepção, seu nascimento,
desenvolvimento, reprodução, transmissão de conhecimento e a morte. Tudo isto
dentro da Rede, exercendo uma função que compreende o erro e o acerto.
Diante deste
exposto, pode superficialmente se chegar à conclusão que o extermínio de um
elemento simplesmente que corrompa o ciclo, supostamente, muitas vezes se faz
necessário. Caso contrário, o não procedimento desta ação ocasionaria o
complexo processo de mutação e por efeito a extinção do elemento não adaptado
que de forma rápida e sem precedente para a espécie atingida a consumiria.
Neste contexto surge o preconceito natural e não o artificial que seria
aceitável em um superficial primeiro momento, contra o ser imoral, ilegal,
irracional, banal, mortal, diferente, doente, concorrente, intimidador,... Eis que por seus “atos rebeldes e subversivos”
dentro de uma visão superficial e corrompida é propagada a ideia que estes por
si só corrompem o ciclo da vida e a Ordem em todos os sentidos.
O fim dessas
anomalias superficialmente se justificaria como um possível tempo a mais de
existência que a humanidade ganha. Porém, a ação deles e contra eles
contaminaria o sistema existencial acelerando o ciclo evolutivo com ações
revolucionarias e contrarrevolucionárias no contexto harmônico, e como
consequência a rede jamais retrocederia ao estágio que estava antes. Diante
destas linhas anteriores ocorre a necessidade de definir através do norte que
criou as anomalias, os verdadeiros agentes inimigos da vida e da Teia da Vida,
que mesmo dentro de um processo complexo de intervenção, podem condicionar
superficialmente o que deve ser combatido sem piedade ou misericórdia pelos
Guardiões. Com a pena de extermínio. Nem mais, nem menos. Somente o que é deles
por direito adquirido e plantado em suas caminhadas.
No entanto, a
complexidade que rege a Teia Vital, nos remete a condicionar nossos
julgamentos, aos contextos geradores, e não ao produto final dele. Isto ocorre,
porque a energia vida não desaparece, ela simplesmente se integra novamente ao
ciclo vital. Como ação e reação e memória evolutiva. Pois, deixa marca que não
são esquecidas, e por efeito, repetidas.
Porém o “Anjo
da Morte” caminhará entre os guardiões, enquanto se andar nos “caminhos das
trevas”. É o preço, ao combater o ciclo da morte. Porém, a Ordem é justa, e
enquanto existirem elementos subversivos e daninhos ao ciclo, ela proverá com
“sorte” e sabedoria os caminhos do predador. Desaparecendo a anomalia,
desaparece o predador. No entanto, este sofrerá as consequências criadas pelos
seus atos, aceitando ou não. Pois, de certa forma a Rede testa a fidelidade de
seus protetores. Se hoje somos Guardiões, amanhã, poderemos ser conspiradores.
Um teste demorado, e sem linha lógica, que explora nossos maiores temores.
De forma
geral, primeiro somos recrutados pela Ordem, depois guerreamos por ela, e por
fim, somos testados por ela. Ou seja, se não aceitarmos, sofreremos
consequências. Se aceitarmos a missão, sofreremos outros tipos de
consequências. Esta é a Teia da Vida, que não nos oferece honrarias, apenas
deveres. O nosso auto sacrifício em prol de pessoas que numa análise bem fria,
nem mereceriam tal sacrifício. Mas que por serem nossos pares, os donos de
nosso destino devem ser protegidos. Mesmo que eles nem imaginem que estejam
sendo protegidos contra o fruto de seus próprios atos. Que os seus protetores
possuem o poder de decisão sobre a luz ou a sombra de seus perseguidores. Pois,
os Guardiões são sombras que caminham entre os inimigos e não se percebe. São
aqueles que observam o que ninguém vê, morrem por quem não conhecem, vivem na
esperança de quem não os conhecem e nem os imagina. O Guardião é um demônio,
que aterroriza outros demônios, é o pesadelo em forma de anjo; é o bem fazendo
o mal, para salvar a vida. É um justiceiro e ao mesmo tempo um assassino, é o
seu juiz, mas ao mesmo tempo seu advogado. É o carcereiro da prisão sem muro. O
Guardião defende o equilíbrio entre o condicionamento bem e mal. Não pende para
nenhum lado. Ele não tem uma face, mais várias. Acredita em muitas coisas, mas
não acredita em quem diz que faz o bem. Porque, sabe que ninguém age na pureza
do sentimento e sim na inocência frente ao desconhecido. É um humano e sabe que
lida com outro ser humano. Por este motivo, ele não se isenta de consequências
diretas e indiretas.
Este é o
caminho para os que aceitarem e não aceitarem a jornada do exercício da Guarda.
Uma missão complexa e cheia de risco. Que deve ser guiada pela sabedoria. Um
caminho de intrigas da Rede, de tudo que não se deseja, mas de tudo que leva ao
bem comum, ou seja, a ordem da Ordem.
Palavras não
fazem um Guardião, porque somente a experiência de vida de quem vivenciou várias
situações e nunca temeu o destino é capaz de se forjar no exercício da Guarda.
Se acha que aprendeu tudo, então você não serve, pois, na vida não existem
conhecimentos concluídos. A busca de conhecimentos nos vários setores da vida é
o treinamento continuo e fundamental de um voluntário. Aprende-se ensinando, e
se ensina aprendendo. Esta é a regra. Pois, cada missão requer um novo
conhecimento. Neste contexto, o Guardião deve estar preparado em receber sempre
uma nova especialização.
O homem é feito para a luta, não para o repouso. Por isso
devemos voar mesmo que o céu esteja cheio de abutres, porque o segredo da
felicidade está na liberdade e o segredo da liberdade está na coragem.
O grande poder do homem esta na sua capacidade de tomar
decisões. Cada decisão que tomamos nos permite modificar o futuro. Escolher,
porém, significa comprometer-se, arriscar-se, quando escolhemos um caminho a
trilhar devemos lembrar que pode ser muito diferente do caminho imaginado. E se
eventos inesperados surgirem devemos refletir, já que qualquer homem é capaz
disso, mesmo na insuficiência de conhecimentos específicos. Pois, para
comprometer nossas decisões, basta
somente a nossa vontade de seguir em frente.
Avante, filhos da Terra, o dia da
pacificação no horizonte raia, o estandarte ensanguentado da tirania dos deuses
do Inferno contra nós se levanta. Ouvis nos campos e cidades rugirem esses
ferozes soldados renegados pela sociedade? Vêm eles até nós degolar nossos
filhos, nossas mulheres, nossa liberdade, nossa dignidade, nosso livre arbítrio.
Às armas guardiões e homens de bem! Formai sólidos e insurgentes batalhões!
Marchemos! Nossa terra do sangue impuro se saciará.
A Caixa de Pandora foi aberta, muito antes de nós, de
nossos ancestrais. Ela trouxe o caos, e só o caos pode fechá-la. Ele se
aproxima, acompanhado do anjo da morte, que vem com os olhos vendados, e com os
ouvidos tampados. Não identifica criança de velho. Homem bom de seres malignos.
Só sente o cheiro do sangue de suas vítimas, ceifadas como propagadores do
caos. O anjo vem do céu, e além dele. Vem da crosta e abaixo dela. Propaga-se
pelo ar. Fomenta a guerra. Semeia nos campos da vida a tragédia, para colher a
morte. Talvez sejamos sua ferramenta, um alento ao homem de bem, mas o terror a
anomalia que rasteja entre as sombras. Mas talvez esteja em nós a sua última
barreira, antes dos dias de trevas.
Nossa missão é ingrata, pois, estamos entre a divisa
imperceptível do bem e do mal. Nossos atos nos condenam, mas a negação desses
atos alimenta a condenação do mundo que vivemos, e consequentemente nos
penalizam. O horizonte para nós tem um novo sentido. Não um sentido utópico, de
salvar o mundo ou fazer com que as pessoas mudem. Mas simplesmente de retardar
o inevitável. O inevitável fim da era dos homens e dos seres viventes.
Tece-se com
sangue, o que na prática, se propaga como radiação. É ilógico e lógico ao mesmo
tempo. Uma contradição conflitante ente o divino e o profano. Uma ilusão, que
esconde a realidade. O último risco de um ser que insurge para sobreviver, como
ser vivente e não como zumbi, um humanoide programado.
Sabemos o que
somos, sabemos porque lutamos, mas não sabemos porque nos fazem a não acreditar
nisto. Inventaram um caminho que se tornou real. E o que é real se tornou
proibido. Guarda-se o proibido o propagando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário