sábado, 26 de outubro de 2013

GUARDIÕES DA ORDEM (parte -3 fim)

 A Ordem chama os seres que conhecem o seu segredo de funcionamento, de formas inusitadas para protegerem o ciclo da vida e a Teia da Vida. Pois, um não existe sem o equilíbrio da outra. Caso contrário, a primeira desaparece e a outra recomeça um novo sistema, se direcionando a uma nova realidade. Sendo que a segunda tem algumas características que se liga a ideia de tempo. Ou seja, a Teia, não tem começo e tão pouco fim, assim como a convenção tempo.
A ideia de Ordem não se liga a crenças, tão pouco a filosofias utópicas ou científicas com exclusividade, mas a todas elas num mesmo contexto ilógico, só que de forma de entendimento e de exposição diferente. Eis que, ela é apenas o que acontece, e se tenta explicar no universo de várias formas e métodos. No entanto, ela é real e a observamos ao nosso modo. E quando não se consegue explicar certos fenômenos, se viaja ao mundo místico, até o dia que pela lógica e cientificidade, aquele fenômeno deixa de ser magia e se torna uma simples tecnologia. Então não se defende uma religião, um ser sobrenatural, um sistema ou uma filosofia. Defende-se, o que nos mantém vivos. Simples e objetivo como a justiça da Rede.
Diante disso se a Ordem se protege e nos protege em um momento fundado nas crenças místicas, então a nossa missão é proteger a credibilidade daquilo que é pregado pela crença, no entanto, sem se tornar alienado a ela. Se a Ordem verifica a necessidade de existir pela visão da filosofia, se protege a filosofia, mas sempre sob a luz da sabedoria. Mas se a Ordem se fundamenta nas duas tendências, se protege a credibilidade das duas. Porém, o que se combate é tudo aquilo que afronte o ciclo da vida e a ordem que mantém este ciclo. Isto não quer dizer, que ao defender o ciclo da vida, se tenha que se privar de acelerar o ciclo vital daquele que corrompe a existência geral. Pois, o que é mais plausível, até o momento como ciclo da vida, se refere no contexto de um sistema que possui um começo, meio e fim. Ou seja, os seres humanos e os seres vivos existem graças ao ciclo que compreende a sua concepção, seu nascimento, desenvolvimento, reprodução, transmissão de conhecimento e a morte. Tudo isto dentro da Rede, exercendo uma função que compreende o erro e o acerto.
Diante deste exposto, pode superficialmente se chegar à conclusão que o extermínio de um elemento simplesmente que corrompa o ciclo, supostamente, muitas vezes se faz necessário. Caso contrário, o não procedimento desta ação ocasionaria o complexo processo de mutação e por efeito a extinção do elemento não adaptado que de forma rápida e sem precedente para a espécie atingida a consumiria. Neste contexto surge o preconceito natural e não o artificial que seria aceitável em um superficial primeiro momento, contra o ser imoral, ilegal, irracional, banal, mortal, diferente, doente, concorrente, intimidador,...  Eis que por seus “atos rebeldes e subversivos” dentro de uma visão superficial e corrompida é propagada a ideia que estes por si só corrompem o ciclo da vida e a Ordem em todos os sentidos.
O fim dessas anomalias superficialmente se justificaria como um possível tempo a mais de existência que a humanidade ganha. Porém, a ação deles e contra eles contaminaria o sistema existencial acelerando o ciclo evolutivo com ações revolucionarias e contrarrevolucionárias no contexto harmônico, e como consequência a rede jamais retrocederia ao estágio que estava antes. Diante destas linhas anteriores ocorre a necessidade de definir através do norte que criou as anomalias, os verdadeiros agentes inimigos da vida e da Teia da Vida, que mesmo dentro de um processo complexo de intervenção, podem condicionar superficialmente o que deve ser combatido sem piedade ou misericórdia pelos Guardiões. Com a pena de extermínio. Nem mais, nem menos. Somente o que é deles por direito adquirido e plantado em suas caminhadas.
No entanto, a complexidade que rege a Teia Vital, nos remete a condicionar nossos julgamentos, aos contextos geradores, e não ao produto final dele. Isto ocorre, porque a energia vida não desaparece, ela simplesmente se integra novamente ao ciclo vital. Como ação e reação e memória evolutiva. Pois, deixa marca que não são esquecidas, e por efeito, repetidas.     
Porém o “Anjo da Morte” caminhará entre os guardiões, enquanto se andar nos “caminhos das trevas”. É o preço, ao combater o ciclo da morte. Porém, a Ordem é justa, e enquanto existirem elementos subversivos e daninhos ao ciclo, ela proverá com “sorte” e sabedoria os caminhos do predador. Desaparecendo a anomalia, desaparece o predador. No entanto, este sofrerá as consequências criadas pelos seus atos, aceitando ou não. Pois, de certa forma a Rede testa a fidelidade de seus protetores. Se hoje somos Guardiões, amanhã, poderemos ser conspiradores. Um teste demorado, e sem linha lógica, que explora nossos maiores temores.
De forma geral, primeiro somos recrutados pela Ordem, depois guerreamos por ela, e por fim, somos testados por ela. Ou seja, se não aceitarmos, sofreremos consequências. Se aceitarmos a missão, sofreremos outros tipos de consequências. Esta é a Teia da Vida, que não nos oferece honrarias, apenas deveres. O nosso auto sacrifício em prol de pessoas que numa análise bem fria, nem mereceriam tal sacrifício. Mas que por serem nossos pares, os donos de nosso destino devem ser protegidos. Mesmo que eles nem imaginem que estejam sendo protegidos contra o fruto de seus próprios atos. Que os seus protetores possuem o poder de decisão sobre a luz ou a sombra de seus perseguidores. Pois, os Guardiões são sombras que caminham entre os inimigos e não se percebe. São aqueles que observam o que ninguém vê, morrem por quem não conhecem, vivem na esperança de quem não os conhecem e nem os imagina. O Guardião é um demônio, que aterroriza outros demônios, é o pesadelo em forma de anjo; é o bem fazendo o mal, para salvar a vida. É um justiceiro e ao mesmo tempo um assassino, é o seu juiz, mas ao mesmo tempo seu advogado. É o carcereiro da prisão sem muro. O Guardião defende o equilíbrio entre o condicionamento bem e mal. Não pende para nenhum lado. Ele não tem uma face, mais várias. Acredita em muitas coisas, mas não acredita em quem diz que faz o bem. Porque, sabe que ninguém age na pureza do sentimento e sim na inocência frente ao desconhecido. É um humano e sabe que lida com outro ser humano. Por este motivo, ele não se isenta de consequências diretas e indiretas.
Este é o caminho para os que aceitarem e não aceitarem a jornada do exercício da Guarda. Uma missão complexa e cheia de risco. Que deve ser guiada pela sabedoria. Um caminho de intrigas da Rede, de tudo que não se deseja, mas de tudo que leva ao bem comum, ou seja, a ordem da Ordem.
Palavras não fazem um Guardião, porque somente a experiência de vida de quem vivenciou várias situações e nunca temeu o destino é capaz de se forjar no exercício da Guarda. Se acha que aprendeu tudo, então você não serve, pois, na vida não existem conhecimentos concluídos. A busca de conhecimentos nos vários setores da vida é o treinamento continuo e fundamental de um voluntário. Aprende-se ensinando, e se ensina aprendendo. Esta é a regra. Pois, cada missão requer um novo conhecimento. Neste contexto, o Guardião deve estar preparado em receber sempre uma nova especialização.
O homem é feito para a luta, não para o repouso. Por isso devemos voar mesmo que o céu esteja cheio de abutres, porque o segredo da felicidade está na liberdade e o segredo da liberdade está na coragem.
O grande poder do homem esta na sua capacidade de tomar decisões. Cada decisão que tomamos nos permite modificar o futuro. Escolher, porém, significa comprometer-se, arriscar-se, quando escolhemos um caminho a trilhar devemos lembrar que pode ser muito diferente do caminho imaginado. E se eventos inesperados surgirem devemos refletir, já que qualquer homem é capaz disso, mesmo na insuficiência de conhecimentos específicos. Pois, para comprometer  nossas decisões, basta somente a nossa vontade de seguir em frente.
Avante, filhos da Terra, o dia da pacificação no horizonte raia, o estandarte ensanguentado da tirania dos deuses do Inferno contra nós se levanta. Ouvis nos campos e cidades rugirem esses ferozes soldados renegados pela sociedade? Vêm eles até nós degolar nossos filhos, nossas mulheres, nossa liberdade, nossa dignidade, nosso livre arbítrio. Às armas guardiões e homens de bem! Formai sólidos e insurgentes batalhões! Marchemos! Nossa terra do sangue impuro se saciará.
A Caixa de Pandora foi aberta, muito antes de nós, de nossos ancestrais. Ela trouxe o caos, e só o caos pode fechá-la. Ele se aproxima, acompanhado do anjo da morte, que vem com os olhos vendados, e com os ouvidos tampados. Não identifica criança de velho. Homem bom de seres malignos. Só sente o cheiro do sangue de suas vítimas, ceifadas como propagadores do caos. O anjo vem do céu, e além dele. Vem da crosta e abaixo dela. Propaga-se pelo ar. Fomenta a guerra. Semeia nos campos da vida a tragédia, para colher a morte. Talvez sejamos sua ferramenta, um alento ao homem de bem, mas o terror a anomalia que rasteja entre as sombras. Mas talvez esteja em nós a sua última barreira, antes dos dias de trevas.
Nossa missão é ingrata, pois, estamos entre a divisa imperceptível do bem e do mal. Nossos atos nos condenam, mas a negação desses atos alimenta a condenação do mundo que vivemos, e consequentemente nos penalizam. O horizonte para nós tem um novo sentido. Não um sentido utópico, de salvar o mundo ou fazer com que as pessoas mudem. Mas simplesmente de retardar o inevitável. O inevitável fim da era dos homens e dos seres viventes.                   
Tece-se com sangue, o que na prática, se propaga como radiação. É ilógico e lógico ao mesmo tempo. Uma contradição conflitante ente o divino e o profano. Uma ilusão, que esconde a realidade. O último risco de um ser que insurge para sobreviver, como ser vivente e não como zumbi, um humanoide programado.

Sabemos o que somos, sabemos porque lutamos, mas não sabemos porque nos fazem a não acreditar nisto. Inventaram um caminho que se tornou real. E o que é real se tornou proibido. Guarda-se o proibido o propagando.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário