HOMEM
– O PREDADOR
(continuação)
Porém, séculos
e milênios se passaram e as guerras continuaram acontecendo. O poder continuou
sendo disputado, grandes impérios surgiram e desapareceram, uns por falta de
estrutura ocasionada pela própria época em que surgiram (Persa, Macedônico,
Babilônico, Assírio,...), outros por problemas internos (corrupção, disputa por
poder, intriga) não controlados nem pela religião ou pela legislação (Romano,
Otomano, Bizantino,...). Ou seja, o caos nestes momentos históricos que aparece
no mundo atingiu apenas organizações humanas de grande complexidade e de alta
concentração populacional. Que sofreram a falência dos meios de produção de sua
época, os quais não conseguiam prover os recursos suficientes para satisfazer
as suas respectivas populações, fora a desigualdade social que existiu e que
fez surgir vários tipos de câncer no contexto destes impérios. Neste período
parecia que a Natureza começava perder o controle sobre a raça humana, que
cresceu muito, tanto vegetativa quanto demográfica. Sendo que suas intervenções
causaram uma suposta espécie de estagnação junto à humanidade, a qual foi
notória numa parte da Europa Cristã a princípio, mas que não era o cenário do
resto do mundo. Pois, cada região tinha seu desenvolvimento, evolução e
regresso pertinente as suas particularidades históricas que se vinculavam a um
complexo sistema de ação e reação que nasce no seio de tudo que existe.
Nestes tempos,
mas especificamente na Europa, onde este fenômeno mais se alastrou o homem só
faltou virar um Homo habilis, novamente. Pois, se tornou extremamente
ignorante, selvagem, desprovido de qualquer sentimento mais profundo, se não o
extinto natural de reprodução, sobrevivência e tolerância limitada aos que se
identificava devido ao dom da comunicação oral mais complexa. Vivia em vilas
rurais, desprovidas de infraestrutura alguma, como a que um dia foi desfrutada
nos grandes centros urbanos do Mundo Antigo. O homem vivia na mais completa
falta de higiene, era um ser passível de manipulação. Porém, era o homem
sapiens sapiens!
No entanto
existiam ainda os seres que não tinham sido muito afetados pela ação natural ou
“mística” (dependendo do ponto de vista de quem esta lendo). Estes de forma
consciente tiraram proveito da situação, e involuntariamente se aproveitaram de
uma estrutura que se denominou sistema feudal. Nesta época, a Natureza voltou a
ter controle sobre o homem, mas sob um preço alto para a humanidade. Mas não
toda ela, se diga de passagem, pois, os fatos históricos não seguem uma linha
linear.
Neste período,
didaticamente convencionado por historiadores ocidentais como Idade Média, a
natureza controlou o homem de forma direta por várias formas: a guerra, tanto
que uma das funções da nobreza era viver da guerra; a religião, cuja ação da
Igreja Católica foi marcante no controle social da população, (pois, sua ação
apesar de ser reprovada pelos leigos de caráter analítico limitado e
influenciável, não permitiu que o homem europeu se extinguisse como evitou a entrada
do islamismo na Europa); as epidemias como a Peste Negra, Cólera e outras
doenças, controlaram o crescimento vegetativo e nocivo da população, além da
fome, miséria, violência, que perseguiam os que viveram na didática linear
“Idade das Trevas”.
E onde o
Cavaleiro da Peste pouco cavalgou, foi o homem europeu que levou a guerra com
ele. Um grande exemplo foram as Cruzadas. Expedições militares motivadas num
primeiro momento por interesses religiosos, e posteriormente por interesses
vinculados ao poder, comércio e terra.
Mas a peste
não cavalgou apenas em terras européias, ela passeou pela Ásia, África,
América..., exterminou grupos humanos diversos e brilhantes povos (antes,
durante e depois deste período que esta sendo narrado). Manifestou-se na forma
de agentes patológicos diferentes e extremamente vorazes. Um exemplo de ação
devastadora foi uma suposta epidemia de sarampo, que exterminou a brilhante
civilização grega, desestruturando-a e fazendo-a sucumbir.
Porém, todas
estas circunstâncias de manifestação do caos resultou em um processo evolutivo
europeu conhecido didaticamente como Renascimento Cultural, muita coisa mudava
nos anos em que apareciam mais pessoas com conhecimento, sempre mais intenso e
desenfreado. O mundo europeu começou a se reorganizar, enquanto que o mundo não
europeu evoluiu em outros setores, e estagnou em outros, mas de qualquer forma,
também sofria este processo evolutivo. Porém, esta evolução foi mais
condicionada do que propriamente natural. Pois, o grande impulso foi dado pela
classe burguesa, que estava sedento por poder político, ou melhor, para a
consolidação de seu status superior proporcionado pela riqueza.
Neste
contexto, de busca pelo poder numa sociedade conservadora das velhas tradições,
manipulada pela Instituição da Igreja Católica, os burgueses perceberam que se
quisessem chegar ao poder, teriam que mudar os pensamentos dos homens, pois, em
consequência, mudariam os pontos de vista da sociedade. Foi sob esta
perspectiva que a burguesia protegeu e patrocinou artista e cientistas
“renascentistas”. Eis, que estes sem necessidade de serem forçados a
desenvolver os ideais que desmistificassem o antropocentrismo, os prazeres
materiais e questionamento do que era divino ou era fruto do homem,
responderiam aos interesses de grupos poderosos formados por burgueses. Porém,
os mesmos interesses que promoveram a grande revolução no qual tangia a suposta
libertação do homem que estava preso nas garras do “Mundo das Trevas”, foram os
mesmos que estão nos levando para as trevas profundas.
Resumindo,
acelerava-se o processo do caos de novo. Pois, a Europa ao evoluir
estruturalmente, socialmente e politicamente, por necessidades e interesses
diversos, se aventurou com ação de afrontar os mitos. Por efeito descobriram
lugares desconhecidos aos olhos europeus, onde impôs dominação aos mesmos,
subjugando e exterminando (ou por força das armas, ou pelas doenças que
carregava) a população que não aceitasse a nova condição. A “cultura superior”
em determinadas técnicas, destruía a “cultura inferior”. Neste contexto, a
Natureza parece ter resolvido estender seu controle sob outras regiões que
necessitavam. Porém, a situação tornou-se caos novamente, mas se generalizou
pelo mundo todo. Parecia até, que o sangue derramado, regava os cadáveres no
chão enterrado, fazendo-os brotar, e seus frutos caminharem pela terra
novamente, multiplicando os povos e os problemas gerados pela falta de
conhecimento em lidar com as consequências da evolução técnica, social,
política e cultural.
Povos subjugados,
exterminados (por doenças e guerras) e escravizados. Tudo em nome de um
interesse econômico, de status e poder. África, América, Oceania e Ásia,
continentes que abrigavam povos de cultura e processo evolutivo diversificado.
Nem atrasados, tão pouco adiantados. Mas sim, únicos. Sofreram as consequências
das necessidades dos grandes reinos europeus. Sofreram com o que já conheciam e
praticavam, mas dessa vez como vitimas, e nunca mais como propagadores. Até
hoje, isto ainda continua assim, a diferença é que a violência da guerra bélica
foi substituída ou diminuída pela violência cultural e econômica que é
manifestada sobre as nações teoricamente independentes, mas de economia fraca e
de cultura fragilmente protegida.
Com o advento
da Revolução Industrial e o fortalecimento do capitalismo, parecia que a
Natureza perdia o controle sobre a humanidade. Porém só parecia! Pois, as
consequências do colonialismo, do neocolonialismo, imperialismo, da produção
descontrolada, revoluções burguesas, sociais, filosóficas, ideológicas,
acabaram sendo apaziguadas por duas Guerras Mundiais, duas Explosões Atômicas,
que acabaram sossegando o mundo em termos e por um período que parece que será
curto (mais isto é apenas uma suposição). Ligado a isto tudo ocorreu a Guerra
Fria e com ela a ameaça de um “conflito de verdade”, onde o risco para toda a
humanidade de desaparecer ou começar do zero era certo. Mas isto foi um grande
circo segundo muitos intelectuais. Mais a História não pode viver de suposição,
seria a profana velada verdade sobre o homem, que ele é um hipócrita e
mentiroso, só para alcançar seus interesses? E chamaram Nicolau Maquiavel de
demônio quando demonstrou em suas obras este lado dos homens. Mas isto são
teorias, observações, suposições. Cada uma aceita conforme a necessidade do
momento.
Por sorte ou
azar de meus interesses de sobrevivência, uma guerra nuclear nunca ocorreu até
o presente momento, principalmente com a falência das hipócritas interpretações
marxistas representada no condicionamento ocidental pela “malvada” União Soviética (quantas ideologias
influenciam e são carregadas pelos homens em suas expressões, independente de
preferência ideológica), e o teórico fim da bipolarização do mundo. Mas em
contra partida, começaram florescer as consequências do capitalismo e da ação
transformadora do homem sobre a natureza, que atualmente se chama de poluição.
A qual se ramifica em várias espécies, esgotamento de jazidas e recursos
naturais, falta de água potável, desemprego em massa, pobreza extrema, falência
de filosofias, religiões e até do controle das leis, crises estatais,...
Como era no
passado, é realidade no presente. Eis, que as grandes nações capitalistas para
poderem garantir a manutenção de suas empresas e por efeito de suas respectivas
economias necessitam dominar mercado para escoar os excedentes industriais.
Como também, precisam desesperadamente de matéria-prima para fazer suas
indústrias funcionarem. Neste contexto todo, estas poderosas nações, ou
conseguem matéria-prima através de acordos comerciais, ou através da força,
manifestada de várias formas, sendo elas: a invasão do território provedor
desta matéria-prima sob a luz de pretextos diversos e que assustam o povo leigo
depois de um processo de condicionamento; ou através do enfraquecimento da
união da nação não colaboradora através de patrocínio a grupos separatista,
oposicionistas ou extremistas no sentido de desencadear uma guerra civil e
posteriormente, facilitar a ação dominadora desta região.
Em
consequência desta ação, o continente Africano colhe os frutos podres (fome,
pobreza, doenças, baixo índice de desenvolvimento humano, e guerras civis
intermináveis). Já a Ásia, mais
especificamente o Oriente Médio, convive com conflito étnico e religioso, como
também, é de onde se propaga a maior parte de ações terroristas contra as
potencias capitalistas. Porém, isto ocorre, justamente por ser a única tática
de guerra capaz de atingir e causar medo nos invasores. Isso se dá, porque suas
forças militares são frágeis demais frente ao invasor. Outra questão é o
impasse entre palestinos e israelenses, que atiça o extremismo religioso,
grupos paramilitares árabes e interesses de países poderosos.
Neste contexto
parece que a Natureza perdeu o controle sobre a humanidade. Porém, é notório
que não, como historicamente ela vem demonstrando. No entanto, se cria uma
perspectiva fundamentada na atual realidade do mundo, em que a próxima ação da
Natureza não vai ser piedosa, principalmente porque somos mais de seis bilhões
de habitantes, e temos tecnologia para diminuir os impactos da fúria da
Natureza como se observa. No entanto, isto é pesado por ela no contexto de ação
e reação. Diante disso, o que se reserva para humanidade se não for o
extermínio total, vai ser algo muito próximo a isto. A ponto de a Idade das
Trevas, perder o título para a nova situação que já esta se mostrando e que se
não for feito algo poderá acontecer breve.
Porém, a
sabedoria humana trabalha sempre a favor de sua sobrevivência. Pois, o homem ao
perceber que o mundo não mais consiga atender as suas necessidades, resolveu se
aventurar novamente, e não mais pelo mar, mas agora, para além do firmamento.
Para repetir, de forma mais organizada, o que fez com o Novo Mundo. Porém, a
diferença que o homem atual, esta vendo apenas o começo do processo, tendo como
questionamentos, os mesmos vividos de quinhentos anos cristãos atrás. Com novos
cenários e artistas. Vivemos tempos, em que o limite do céu não mais conterá o
caos, e este se perpetuará por onde o homem passar. É da natureza humana.
Mais a
trajetória do homem, não se prende a regiões específicas ou apenas no que
livros expressam, elas se concentram nas sociedades diversas. Não possuem
línguas específicas, bandeiras, ideologias. Elas apenas se concentram até que
explodem, causando uma real revolução evolutiva. Onde tendências se alteram,
influenciando a moral e os valores nela contido e não contidos. Pois, não são
as ideias que mudam a sociedade, e sim o homem. Mas são as ideias que mudam os
homens. Continuamos hoje sofrendo com o problema da fome, doenças e violência
de todo gênero e espécie. Porém, nada muda. Mesmo o homem sendo o principal
agente histórico de seu tempo.
Diante disso, ao se relembrar uma pequena e resumida
trajetória humana, se buscou criar uma reflexão, sobre nossos atos e como
podemos atrasar este caos inevitável se verificarmos uma suposta e parcialmente
plausível Teoria do Caos. Diante desta situação, a Teia da Vida ou da Rede de
Gaia, tenta alertar o ser humano, que ele faz parte de um complexo ciclo vital.
Proteger este ciclo é uma obrigação para quem o descobre. Pois, se vivemos em
um sistema cíclico, logo as ações de ontem, chegam como consequências para
todos nós no mundo hoje. Uma consequência cega, que não escolhe os seres que
irá exterminar. Ela apenas extermina. Pois, a Natureza não escolhe lados em uma
guerra. Ela apenas providencia situações que se alcance o equilíbrio de forças
antagônicas.
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