quarta-feira, 23 de outubro de 2013

HOMEM – O PREDADOR

HOMEM – O PREDADOR

(continuação)       
Porém, séculos e milênios se passaram e as guerras continuaram acontecendo. O poder continuou sendo disputado, grandes impérios surgiram e desapareceram, uns por falta de estrutura ocasionada pela própria época em que surgiram (Persa, Macedônico, Babilônico, Assírio,...), outros por problemas internos (corrupção, disputa por poder, intriga) não controlados nem pela religião ou pela legislação (Romano, Otomano, Bizantino,...). Ou seja, o caos nestes momentos históricos que aparece no mundo atingiu apenas organizações humanas de grande complexidade e de alta concentração populacional. Que sofreram a falência dos meios de produção de sua época, os quais não conseguiam prover os recursos suficientes para satisfazer as suas respectivas populações, fora a desigualdade social que existiu e que fez surgir vários tipos de câncer no contexto destes impérios. Neste período parecia que a Natureza começava perder o controle sobre a raça humana, que cresceu muito, tanto vegetativa quanto demográfica. Sendo que suas intervenções causaram uma suposta espécie de estagnação junto à humanidade, a qual foi notória numa parte da Europa Cristã a princípio, mas que não era o cenário do resto do mundo. Pois, cada região tinha seu desenvolvimento, evolução e regresso pertinente as suas particularidades históricas que se vinculavam a um complexo sistema de ação e reação que nasce no seio de tudo que existe.
Nestes tempos, mas especificamente na Europa, onde este fenômeno mais se alastrou o homem só faltou virar um Homo habilis, novamente. Pois, se tornou extremamente ignorante, selvagem, desprovido de qualquer sentimento mais profundo, se não o extinto natural de reprodução, sobrevivência e tolerância limitada aos que se identificava devido ao dom da comunicação oral mais complexa. Vivia em vilas rurais, desprovidas de infraestrutura alguma, como a que um dia foi desfrutada nos grandes centros urbanos do Mundo Antigo. O homem vivia na mais completa falta de higiene, era um ser passível de manipulação. Porém, era o homem sapiens sapiens!
No entanto existiam ainda os seres que não tinham sido muito afetados pela ação natural ou “mística” (dependendo do ponto de vista de quem esta lendo). Estes de forma consciente tiraram proveito da situação, e involuntariamente se aproveitaram de uma estrutura que se denominou sistema feudal. Nesta época, a Natureza voltou a ter controle sobre o homem, mas sob um preço alto para a humanidade. Mas não toda ela, se diga de passagem, pois, os fatos históricos não seguem uma linha linear.
Neste período, didaticamente convencionado por historiadores ocidentais como Idade Média, a natureza controlou o homem de forma direta por várias formas: a guerra, tanto que uma das funções da nobreza era viver da guerra; a religião, cuja ação da Igreja Católica foi marcante no controle social da população, (pois, sua ação apesar de ser reprovada pelos leigos de caráter analítico limitado e influenciável, não permitiu que o homem europeu se extinguisse como evitou a entrada do islamismo na Europa); as epidemias como a Peste Negra, Cólera e outras doenças, controlaram o crescimento vegetativo e nocivo da população, além da fome, miséria, violência, que perseguiam os que viveram na didática linear “Idade das Trevas”.
E onde o Cavaleiro da Peste pouco cavalgou, foi o homem europeu que levou a guerra com ele. Um grande exemplo foram as Cruzadas. Expedições militares motivadas num primeiro momento por interesses religiosos, e posteriormente por interesses vinculados ao poder, comércio e terra.
Mas a peste não cavalgou apenas em terras européias, ela passeou pela Ásia, África, América..., exterminou grupos humanos diversos e brilhantes povos (antes, durante e depois deste período que esta sendo narrado). Manifestou-se na forma de agentes patológicos diferentes e extremamente vorazes. Um exemplo de ação devastadora foi uma suposta epidemia de sarampo, que exterminou a brilhante civilização grega, desestruturando-a e fazendo-a sucumbir.
Porém, todas estas circunstâncias de manifestação do caos resultou em um processo evolutivo europeu conhecido didaticamente como Renascimento Cultural, muita coisa mudava nos anos em que apareciam mais pessoas com conhecimento, sempre mais intenso e desenfreado. O mundo europeu começou a se reorganizar, enquanto que o mundo não europeu evoluiu em outros setores, e estagnou em outros, mas de qualquer forma, também sofria este processo evolutivo. Porém, esta evolução foi mais condicionada do que propriamente natural. Pois, o grande impulso foi dado pela classe burguesa, que estava sedento por poder político, ou melhor, para a consolidação de seu status superior proporcionado pela riqueza.
Neste contexto, de busca pelo poder numa sociedade conservadora das velhas tradições, manipulada pela Instituição da Igreja Católica, os burgueses perceberam que se quisessem chegar ao poder, teriam que mudar os pensamentos dos homens, pois, em consequência, mudariam os pontos de vista da sociedade. Foi sob esta perspectiva que a burguesia protegeu e patrocinou artista e cientistas “renascentistas”. Eis, que estes sem necessidade de serem forçados a desenvolver os ideais que desmistificassem o antropocentrismo, os prazeres materiais e questionamento do que era divino ou era fruto do homem, responderiam aos interesses de grupos poderosos formados por burgueses. Porém, os mesmos interesses que promoveram a grande revolução no qual tangia a suposta libertação do homem que estava preso nas garras do “Mundo das Trevas”, foram os mesmos que estão nos levando para as trevas profundas.
Resumindo, acelerava-se o processo do caos de novo. Pois, a Europa ao evoluir estruturalmente, socialmente e politicamente, por necessidades e interesses diversos, se aventurou com ação de afrontar os mitos. Por efeito descobriram lugares desconhecidos aos olhos europeus, onde impôs dominação aos mesmos, subjugando e exterminando (ou por força das armas, ou pelas doenças que carregava) a população que não aceitasse a nova condição. A “cultura superior” em determinadas técnicas, destruía a “cultura inferior”. Neste contexto, a Natureza parece ter resolvido estender seu controle sob outras regiões que necessitavam. Porém, a situação tornou-se caos novamente, mas se generalizou pelo mundo todo. Parecia até, que o sangue derramado, regava os cadáveres no chão enterrado, fazendo-os brotar, e seus frutos caminharem pela terra novamente, multiplicando os povos e os problemas gerados pela falta de conhecimento em lidar com as consequências da evolução técnica, social, política e cultural. 
Povos subjugados, exterminados (por doenças e guerras) e escravizados. Tudo em nome de um interesse econômico, de status e poder. África, América, Oceania e Ásia, continentes que abrigavam povos de cultura e processo evolutivo diversificado. Nem atrasados, tão pouco adiantados. Mas sim, únicos. Sofreram as consequências das necessidades dos grandes reinos europeus. Sofreram com o que já conheciam e praticavam, mas dessa vez como vitimas, e nunca mais como propagadores. Até hoje, isto ainda continua assim, a diferença é que a violência da guerra bélica foi substituída ou diminuída pela violência cultural e econômica que é manifestada sobre as nações teoricamente independentes, mas de economia fraca e de cultura fragilmente protegida.
Com o advento da Revolução Industrial e o fortalecimento do capitalismo, parecia que a Natureza perdia o controle sobre a humanidade. Porém só parecia! Pois, as consequências do colonialismo, do neocolonialismo, imperialismo, da produção descontrolada, revoluções burguesas, sociais, filosóficas, ideológicas, acabaram sendo apaziguadas por duas Guerras Mundiais, duas Explosões Atômicas, que acabaram sossegando o mundo em termos e por um período que parece que será curto (mais isto é apenas uma suposição). Ligado a isto tudo ocorreu a Guerra Fria e com ela a ameaça de um “conflito de verdade”, onde o risco para toda a humanidade de desaparecer ou começar do zero era certo. Mas isto foi um grande circo segundo muitos intelectuais. Mais a História não pode viver de suposição, seria a profana velada verdade sobre o homem, que ele é um hipócrita e mentiroso, só para alcançar seus interesses? E chamaram Nicolau Maquiavel de demônio quando demonstrou em suas obras este lado dos homens. Mas isto são teorias, observações, suposições. Cada uma aceita conforme a necessidade do momento.   
Por sorte ou azar de meus interesses de sobrevivência, uma guerra nuclear nunca ocorreu até o presente momento, principalmente com a falência das hipócritas interpretações marxistas representada no condicionamento ocidental pela “malvada”  União Soviética (quantas ideologias influenciam e são carregadas pelos homens em suas expressões, independente de preferência ideológica), e o teórico fim da bipolarização do mundo. Mas em contra partida, começaram florescer as consequências do capitalismo e da ação transformadora do homem sobre a natureza, que atualmente se chama de poluição. A qual se ramifica em várias espécies, esgotamento de jazidas e recursos naturais, falta de água potável, desemprego em massa, pobreza extrema, falência de filosofias, religiões e até do controle das leis, crises estatais,...
Como era no passado, é realidade no presente. Eis, que as grandes nações capitalistas para poderem garantir a manutenção de suas empresas e por efeito de suas respectivas economias necessitam dominar mercado para escoar os excedentes industriais. Como também, precisam desesperadamente de matéria-prima para fazer suas indústrias funcionarem. Neste contexto todo, estas poderosas nações, ou conseguem matéria-prima através de acordos comerciais, ou através da força, manifestada de várias formas, sendo elas: a invasão do território provedor desta matéria-prima sob a luz de pretextos diversos e que assustam o povo leigo depois de um processo de condicionamento; ou através do enfraquecimento da união da nação não colaboradora através de patrocínio a grupos separatista, oposicionistas ou extremistas no sentido de desencadear uma guerra civil e posteriormente, facilitar a ação dominadora desta região.   
Em consequência desta ação, o continente Africano colhe os frutos podres (fome, pobreza, doenças, baixo índice de desenvolvimento humano, e guerras civis intermináveis).  Já a Ásia, mais especificamente o Oriente Médio, convive com conflito étnico e religioso, como também, é de onde se propaga a maior parte de ações terroristas contra as potencias capitalistas. Porém, isto ocorre, justamente por ser a única tática de guerra capaz de atingir e causar medo nos invasores. Isso se dá, porque suas forças militares são frágeis demais frente ao invasor. Outra questão é o impasse entre palestinos e israelenses, que atiça o extremismo religioso, grupos paramilitares árabes e interesses de países poderosos.         
Neste contexto parece que a Natureza perdeu o controle sobre a humanidade. Porém, é notório que não, como historicamente ela vem demonstrando. No entanto, se cria uma perspectiva fundamentada na atual realidade do mundo, em que a próxima ação da Natureza não vai ser piedosa, principalmente porque somos mais de seis bilhões de habitantes, e temos tecnologia para diminuir os impactos da fúria da Natureza como se observa. No entanto, isto é pesado por ela no contexto de ação e reação. Diante disso, o que se reserva para humanidade se não for o extermínio total, vai ser algo muito próximo a isto. A ponto de a Idade das Trevas, perder o título para a nova situação que já esta se mostrando e que se não for feito algo poderá acontecer breve.
Porém, a sabedoria humana trabalha sempre a favor de sua sobrevivência. Pois, o homem ao perceber que o mundo não mais consiga atender as suas necessidades, resolveu se aventurar novamente, e não mais pelo mar, mas agora, para além do firmamento. Para repetir, de forma mais organizada, o que fez com o Novo Mundo. Porém, a diferença que o homem atual, esta vendo apenas o começo do processo, tendo como questionamentos, os mesmos vividos de quinhentos anos cristãos atrás. Com novos cenários e artistas. Vivemos tempos, em que o limite do céu não mais conterá o caos, e este se perpetuará por onde o homem passar. É da natureza humana.       
Mais a trajetória do homem, não se prende a regiões específicas ou apenas no que livros expressam, elas se concentram nas sociedades diversas. Não possuem línguas específicas, bandeiras, ideologias. Elas apenas se concentram até que explodem, causando uma real revolução evolutiva. Onde tendências se alteram, influenciando a moral e os valores nela contido e não contidos. Pois, não são as ideias que mudam a sociedade, e sim o homem. Mas são as ideias que mudam os homens. Continuamos hoje sofrendo com o problema da fome, doenças e violência de todo gênero e espécie. Porém, nada muda. Mesmo o homem sendo o principal agente histórico de seu tempo.           
Diante disso, ao se relembrar uma pequena e resumida trajetória humana, se buscou criar uma reflexão, sobre nossos atos e como podemos atrasar este caos inevitável se verificarmos uma suposta e parcialmente plausível Teoria do Caos. Diante desta situação, a Teia da Vida ou da Rede de Gaia, tenta alertar o ser humano, que ele faz parte de um complexo ciclo vital. Proteger este ciclo é uma obrigação para quem o descobre. Pois, se vivemos em um sistema cíclico, logo as ações de ontem, chegam como consequências para todos nós no mundo hoje. Uma consequência cega, que não escolhe os seres que irá exterminar. Ela apenas extermina. Pois, a Natureza não escolhe lados em uma guerra. Ela apenas providencia situações que se alcance o equilíbrio de forças antagônicas.      

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