PUBLICADO NA TRIBUNA DA BARREIRINHA nº22 - janeiro/2012
POLUIÇÃO EM LATO SENSU
Em
pleno século XXI onde a coleta de lixo chega praticamente a 97% dos domicílios
da capital e serve a quase 70% da Região Metropolitana, ainda é possível notar
o desrespeito ao meio ambiente, no contexto de encontrar sacos de lixos jogados
em terrenos baldios e beira de estradas. E o pior, é descobrir que na região
onde ocorre este tipo de crime passa a coleta de lixo!
Porém,
o lixo coletado por consequência é depositado em algum lugar. E é ai que vem a
maior contradição. Ninguém quer um lixão próximo a seu bairro. No entanto, a grande
maioria que participa de passeatas, são os mesmos que colaboram
involuntariamente para a produção de lixo.
É
estranho, mas o ser humano é um dos agentes do sistema natural que mais
modifica o meio em que vive e que consegue perceber isto. Neste sentido, não
basta gritar palavras de ordem e de direito. Tem que buscar a ordem através de
ações. Ou seja, não basta querer que os outros sigam uma ideia, se a própria
propagadora da ideia não segue o que prega.
Eu
produzo lixo, mas reciclo! Eu consumo produtos, porém somente o que necessito,
não o que a “moda” manda eu comprar! Eu tento respeitar a natureza no sentido
de agredi-la o menos possível,... Mas esta é a minha filosofia, meu jeito de
ser,...
E
os outros?
Independente
se pensam ou não em um mundo mais limpo, com clima normal, sem perigo de
epidemias causados pela ação poluidora humana,..., eu estou fazendo a minha
parte, estou dando um exemplo, relatando fatos,...
Mas
daí vem a hipocrisia, reciclar é legal, mas tem que mexer com lixo! “Eu não
quero nunca ter que viver catando lixo, para sobreviver”,... “olha que nojento
aquele catador, porque ele não trabalha em um serviço de verdade”?
São
tantos paradigmas de valoração humana, os quais interferem diretamente na
maneira de convivermos em harmonia com o meio que nos sustentam. Pois, tememos
a vergonha ou as reações contrárias, ao invés de tememos as consequências que
colocam em risco a sobrevivência da espécie humana.
Não
queremos poluir, mas fumamos e consequentemente colaboramos para que uma terra
fértil que poderia ser utilizada para plantar alimento, seja usada para
produzir um alimento a satisfazer vícios, e por efeito, um espaço a mais tem
que ser desmatado,...!
São
tantos exemplos a serem citados, que transcendem a racionalidade superficial.
Pois, eles se ligam a uma rede de interligações interdependentes que vai além
da conhecida rede do ecossistema. Mas que em um contexto geral se recai no
principio da ação e reação, que para os místicos se chama Rede de Gaia, para a
Ciência se denomina Teoria do Determinismo,...
O
texto aparenta ser sem nexo, mas é um pequeno contexto das contradições que
carregamos. Expressamos o que queremos que os outros façam, mas esquecemos de
se olhar no espelho.
Hoje
eu falo sobre poluição, a qual pode ser sólida, gasosa, líquida, radioativa,
sonora, cultural, filosófica(!), porque observo que somos contra ela, mas pelo
desconhecimento total ou um breve conhecimento superficial sem amplitude e
interligações, pouco sabemos sobre ela, como age, como pode ser diminuída, se
manifesta, como podemos com ações vencê-las. E por consequência, ao invés de
combatê-las nos tornamos seus principais propagadores, porque esperamos que os
outros façam o que nos deveríamos estar fazendo independente se outro faz ou
não.
É
inevitável o fim dos seres humanos, pois naturalmente o sistema que nos permite
viver sofrerá alterações a ponto de apenas os seres que conseguirem se adaptar,
continuarão a sua evolução. Mas isto é uma perspectiva para milhões de anos
futuro. No entanto, parece que o ser humano quer antecipar para apenas “centenas”
de anos! Ou seja, o homem não destrói a natureza poluindo, ele a modifica a
ponto de torná-la inviável para o padrão natural de vida que contemplamos!
Tudo
que o homem faz que afronte seu meio de sustentação e que não é interrompido
por aqueles que identificam o perigo, é uma agressão que retorna para exterminá-lo. É por isso que poluição não é
só jogar lixo ou queimar folha,... Mas sim, é tudo que o ser produz que altere
o seu meio biológico e social. Pois, não se mede o perigo pela ação, mas pelas
(no plural) consequências dela geradas.
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