Acordo
de um longo sono. Onde sonhava que estava na realidade. Mas que por algum
motivo relacionado ao mecanismo de funcionamento da consciência, desconfiei que
era um sonho.
Mas
algo estranho ocorreu, parecia que o sonho continuava, e tudo que julgava ser
realidade, não passava de uma mera artificialidade. Então caminhei, por um
caminho, que era a mesma estrada de meus pares, mas que não parecia ser a mesma
que eles estavam olhando. Tentei ver e caminhar como eles. Pois, achei estar
louco.
Eram
tempos de transição. Mas todo momento é uma transição. Mas naqueles tempos,
pouco sabia da vida, teorias me condicionavam, a sociedade repassava-me
valores. Eu era um jovem, mais um jovem que ascendia na sociedade, como a
futura geração que conservaria a manutenção do mundo.
Por
algum motivo que eu não sei explicar, mas que gostaria de achar respostas
concretas, para me libertar destes passos subversivos. Sempre racionalizei
diferente o que eu via. Um dia me falaram que era normal, pois, todos
questionam em algum lugar do seu intimo a realidade que as cercam. Porém, são
poucos os que compartilham esta reflexão. No entanto, os que compartilham sua
maneira de ver o mundo, ou se tornaram filósofos, poetas, artistas..., ou foram
presos, condenados aos tratamentos psiquiátricos ou simplesmente se tornaram
uma grande piada na sociedade. Já no passado, alguns foram queimados e
torturados em praça pública, sobre o som de aplausos!
Então
conclui que não era normal pensar diferente, querer ver o mundo pregado pelas
doutrinas religiosas e pelas teorias filosóficas. Mas estes pensamentos, eram
de um jovem, cheio de ideais e sonhos.
Diante
das minhas condições, deixei de sonhar com utopias, e convivi com a realidade,
por algumas décadas. No entanto, apenas convivi, a aceitei, porque é assim que
eu pensava que deveria ser, se eu quisesse sobreviver dentro de uma
“normalidade”. Porém, algo me tocava. Algo que se escondia atrás dos muros, dos
valores, tradições e comportamentos dos homens.
Foi
no trigésimo primeiro inverno, que rompi um propileus, e resolvi
explorá-lo. Descobri, que as pessoas
verem e escutam, o que o condicionamento delas necessitam. Ou seja, aceitam o
que lhe fornece prazeres, uma pax. Porém, tudo dentro de um universo
antagônico, que encarcera o ser, em seu próprio meio, criando um minúsculo
mundo, limitado a outros pequenos mundos. Nada além disso. Observei, que a
percepção da realidade esta no processo de comunicação, que só é possível ser
percebida sob a luz de vários horizontes. Ou seja, quanto mais experiências de
vida, maior é o campo de visão do ser. Porém, estas experiências, não se
vinculam a um pequeno mundo, mas devem ser experimentadas no contexto de outros
e diversos mundos. Pois, se a pessoa quer alcançar a universalidade, ela deve
explorar outros mundos, além do seu. Eis que o Universo é formado por
incontáveis galáxias, não só pelo Planeta Terra e seus vizinho do Sistema!
Mas
rompendo a metáfora, a viagem, não precisa ser fora da realidade física. Basta
apenas, quebrar a rotina cotidiana, visitar mundos próximos ao seu, mas que por
condicionamento, via os longe. Porém, o grande desafio, é visitar mundos, (não
se envolver fisicamente com ele), que são condicionados no intimo de cada um,
como moralmente ou ideologicamente proibidos, não ilegais.
Mas
existe um probleminha real e absoluto. Ou o condicionamento ganha novas
ramificações, ou você irá ver a realidade sob uma nova perspectiva. Que na
verdade, é uma manifestação só. Porém, que abre este questionamento. Será que
eu estou sofrendo um novo tipo de condicionamento, que o é, ou estou vendo o
que ninguém quer ver?
Paranóia,
uma suposta doença identificada pela Psicologia. É esta a maldição. Ganha-se
sabedoria, mas paga o preço de saber, que não existe certeza de nada. Que tudo,
pode ser uma grande farsa, que será sempre explorada por alguém. Que a
propósito, não é um conspirador. E nem vários. Mas oportunistas, que aprenderam
os segredos do pensamento paranóico, e dele tiraram proveito para defender seus
interesses. Que não são o superficial de dominar o mundo, mas de criar um mundo
que os satisfaçam seus ideais de convivência.
Quem
entrou por este propileus, jamais sai o mesmo. Pois, tudo que foi deslumbrado,
afeta a consciência, como se fosse um encanto mágico. Não possui um momento
especifico para se manifestar. Mas quando se manifesta, nem o percebe. Porém,
quando se é detectado uma primaria manifestação, geralmente é observada por
alguém. Esta manifestação então rompe sua penúltima barreira, que é o seu
reconhecimento. A última barreira, geralmente é a mais resistente, porém,
quando rompida, fica escancarada, e se não controlada, destrói a vida de quem
carrega esta maldição.
Quem,
pertence a este mundo, vai desdizer o que disse antes. Não vai ter mais uma
opinião formada sobre tudo. Já que, que tudo, esta em movimento e em constante
transformação. E isto se reflete no pensamento, que molda a realidade humana e
vice-versa.
Não
existem valores, absolutos, e sim princípios, que se adaptam e fundamentam o
que molda o ser, e altera o horizonte a ser contemplado.
Tudo
que foi redigido, um dia foi renegado. E o que foi renegado, renasceu. Pois,
encontra sempre um interesse que o recepciona. Porém, o destorce e o adapta a
ser uma ferramenta condicionante.
Eu
fui a fonte. Porém, como esta fonte foi condicionada? Por que ao invés de ser e
viver, vive e é um hipócrita, mas luta contra isto? Existem mundos a serem
explorados! E pensamentos a serem renovados. Mas por que disso? Talvez um dia
eu descubra, mas pelos olhos de quem? Tudo é mistério, tudo é condicionamento.
Mas nada é real. São metáforas, que respondem metáforas. São contradições
aceitáveis, que recebem outra denominação e entendimento.
Esta
é a gêneses. Parece não existir um começo ou este começo ainda é superficial.
Mas você, se aventurou até aqui, e agora você esta
marcado. Foi a única coisa que descobri. As outras se encobrem no que não se
consegue explicar, por meio terráqueo
algum. Este é a Gênesis do Livro
Proibido. Ou melhor, do pensamento proibido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário