A revolucionária
liberdade. Uma bela dama. Sedutora, visionaria e imprudente. Uma mulher capaz
de transformar deuses em mortais. E mortais em desiguais. O beijo da Morte não
se compara ao olhar da Liberdade. Pois a morte é o fim. Já a liberdade é o fim
e o começo dentro de um mesmo contexto. A liberdade não se ajoelha em devoção a
Cronus, mas o utiliza como ferramenta de domínio.
Essa tal
liberdade. Insaciável e corrompedora de estados. Afronta a paz em busca de
“paz” (?). Mas a qual paz que busca? Pelo desconhecimento do que é paz, o homem
busca a sensação de paz. Não a paz real. Pois, é desta forma que o homem parte
livremente para buscar o que sonha. No entanto, mesmo tendo consciência ou
descobrindo que possui já a paz, não consegue retroceder até ela. Pois, sua
contemplação de mundo não consegue mais se adaptar a essência que deixou
escapar.
A liberdade é
um sinônimo de troca. É a manifestação da essência do livre arbítrio. Ou seja, todo ser é livre para escolher o seu
caminho a princípio dentro da prisão. Porém, deve deixar algo para trás. No
entanto a liberdade é flexível. Pois, permite que se volte atrás na escolha.
Mas este retroceder nem sempre permite fazer voltar as consequências geradas do
gozo de ser livre.
A liberdade é
um reflexo de que não existe um estado humano perfeito. E realmente não há. Já
que tudo evolui, se aperfeiçoa e se transforma. A natureza é livre para se
auto-relacionar com seus elementos e vice-versa, para fins de se transformarem
em algo comum. O homem é composto por muitos desses elementos e também se
relaciona com eles. Por este motivo que evolui naturalmente, mas
artificializando uma parte desse processo.
No entanto a
liberdade essencial dos elementos em constante movimento influenciou a
liberdade artificial. Que afronta o Estado livre. Pois, o domestica e manipula
sua ação e reação. Eis que o ato de racionalizar, planejar e buscar a paz em um
contexto onde ela já existe, mas não é percebida, a torna a “liberdade prisão”.
A liberdade
então fora de sua essência é uma manifestação imperfeita humana. Que se forja
em direitos e deveres. Que se prende a moral e modismos de época. É a expressão
direta da manipulação e da hipocrisia de quem se institucionalizou na prisão de
seu cotidiano. Pois, como um ser expressa estar livre, se o mesmo vive em
função do tempo e tendências. Ou seja, o elemento base de controle das ações e
relações humanas. Já que controla a vida dos homens a partir de uma contagem
aproximada até o momento condicionado da chegada de sua morte. E dentro desta
contagem se prega a esperança de uma vida eterna para aqueles que seguirem as
regras. Que resumem a ideia: viva preso as regras e tempos e receba uma vida
sem a preocupação com tempo e regras.
Mas em
virtude do contexto de consequências que se encontra a sociedade humana e por
efeito o que se relaciona a ela. Nasce e se concretiza a idéia de um mal
necessário. Já que uma sociedade sem regra é um mundo de caos e de involução.
Mas será que o homem está realmente evoluindo?
Dentro de uma
analogia, os animais irracionais possuem o que buscamos. Paz, liberdade e
sobrevivência. Sem a necessidade de um afrontamento mais intenso ao meio que
lhe sustenta. Guiados apenas pela evolução geológica e por efeito climáticos
dela resultantes que lhes impõem condições novas de sobrevivência. Uma
liberdade que não se prende ao tempo apenas a essência de sobreviver. Ou seja,
viver como se fosse o último.
Mas o homem é
diferente. Evolui além de sua necessidade e com isto revertendo o papel da
evolução. Pois, impõe ao meio à adaptação a evolução do homem. Consequentemente
o que se colhe disso tudo é uma efêmera pax (não paz) e uma explosão de idéias
liberais que se contrapõe a prisão humana sem muro. Não ao desejo da evolução.
Isto não é liberdade.
O homem não é
um ser livre porque criou sua própria prisão. O homem pensa em invocar a
liberdade quando vislumbra que esta rompendo com esta prisão sem perceber que
esta caindo em outra. São poucos que observam que independente de estarem
livres, já estão. Porém, se condicionam as ideologias, conceitos e coisas do
gênero ao invés de fazer o básico que é sobreviver. Ser o rei do seu próprio
castelo. Não do castelo dos outros. De buscar alternativas na tempestade dentro
de um contexto harmônico. Não sob a influência de achar que não é livre e
buscar culpados onde eles nunca tiveram. Isto porque se somos regidos por um
contexto de ação e reação, então são nossos atos que nos fazem sentir a prisão.
Não o ato alheio.
No entanto, o
ato alheio que nos atingem foram desenvolvidos em um contexto que poderiam ser
evitado desde o seu início. Pois, ninguém nasce ladrão, bandido, corrupto,
assassino, ditador,... as pessoas apreendem isto a partir das experiências
colhidas em sua caminhada vital. Seja de forma direta ou indireta.
É a partir
deste ponto que se torna notória a face da liberdade. Pois, ao sermos seres em
constante movimento e transformações, somos essencialmente livres. Mas nossa
liberdade é limitada. Limitada a agirmos sem criar prisões. Mas exclusivamente
proteger a sobrevivência.
A liberdade
artificial é uma grande libertinagem institucionalizada. Que atende interesses.
Não ao real bem comum. É uma liberdade nociva ao essencial comum que mantém a
evolução coerente da vida. É um conceito e uma ação desprovida de essência
conhecida e explicitada. Quem carrega o grito de liberdade em uma mão, segura
na outra a opressão a ser desencadeada.
Diante disto
a liberdade não se conquista, mas a percebe de mãos dadas com a paz essencial.
Que não deixa de ser uma prisão. Mas um cárcere que não ceifa vida e não compromete
o meio. Existem pessoas que querem ser livres gozando de extrema liberdade. E
por este motivo provam do que plantam, para talvez um dia descobrir que nunca
esteve livre, mas que mesmo assim possuía a liberdade. É complexo entender esta
observação, porque ela é muito simples de ser entendida.
A observação
mais interessante que presenciei foi que o homem criou a escravidão para todos
e botou o nome disso de liberdade. E todos ficaram felizes achando que fizeram
um grande negócio.
Mas em
contraposição as regras que limitam a liberdade, viver no contexto do “homem
ser o lobo do homem” seria a idéia que melhor ilustrasse o mundo livre?
Um dia o
homem viveu semi-livre, porém como animal. O problema que o homem se
artificializou e se fundamentou na sobrevivência para defender seus interesses
diversos. Ou seja, achar o limite entre o que realmente é uma ação livre e o
que é um abuso dela, parece na contemporaneidade uma ação desconhecida das
pessoas.
Diante disto até este momento de reflexão é contemplado
que a liberdade é fruto da racionalidade. Desenvolvida na ação de escolha que
transcende a sobrevivência natural. A qual cria fronteiras onde antes era um
território livre.
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