quinta-feira, 14 de novembro de 2013

LIBERDADE

A revolucionária liberdade. Uma bela dama. Sedutora, visionaria e imprudente. Uma mulher capaz de transformar deuses em mortais. E mortais em desiguais. O beijo da Morte não se compara ao olhar da Liberdade. Pois a morte é o fim. Já a liberdade é o fim e o começo dentro de um mesmo contexto. A liberdade não se ajoelha em devoção a Cronus, mas o utiliza como ferramenta de domínio.
Essa tal liberdade. Insaciável e corrompedora de estados. Afronta a paz em busca de “paz” (?). Mas a qual paz que busca? Pelo desconhecimento do que é paz, o homem busca a sensação de paz. Não a paz real. Pois, é desta forma que o homem parte livremente para buscar o que sonha. No entanto, mesmo tendo consciência ou descobrindo que possui já a paz, não consegue retroceder até ela. Pois, sua contemplação de mundo não consegue mais se adaptar a essência que deixou escapar.
A liberdade é um sinônimo de troca. É a manifestação da essência do livre arbítrio.  Ou seja, todo ser é livre para escolher o seu caminho a princípio dentro da prisão. Porém, deve deixar algo para trás. No entanto a liberdade é flexível. Pois, permite que se volte atrás na escolha. Mas este retroceder nem sempre permite fazer voltar as consequências geradas do gozo de ser livre.
A liberdade é um reflexo de que não existe um estado humano perfeito. E realmente não há. Já que tudo evolui, se aperfeiçoa e se transforma. A natureza é livre para se auto-relacionar com seus elementos e vice-versa, para fins de se transformarem em algo comum. O homem é composto por muitos desses elementos e também se relaciona com eles. Por este motivo que evolui naturalmente, mas artificializando uma parte desse processo.
No entanto a liberdade essencial dos elementos em constante movimento influenciou a liberdade artificial. Que afronta o Estado livre. Pois, o domestica e manipula sua ação e reação. Eis que o ato de racionalizar, planejar e buscar a paz em um contexto onde ela já existe, mas não é percebida, a torna a “liberdade prisão”.
A liberdade então fora de sua essência é uma manifestação imperfeita humana. Que se forja em direitos e deveres. Que se prende a moral e modismos de época. É a expressão direta da manipulação e da hipocrisia de quem se institucionalizou na prisão de seu cotidiano. Pois, como um ser expressa estar livre, se o mesmo vive em função do tempo e tendências. Ou seja, o elemento base de controle das ações e relações humanas. Já que controla a vida dos homens a partir de uma contagem aproximada até o momento condicionado da chegada de sua morte. E dentro desta contagem se prega a esperança de uma vida eterna para aqueles que seguirem as regras. Que resumem a ideia: viva preso as regras e tempos e receba uma vida sem a preocupação com tempo e regras.
Mas em virtude do contexto de consequências que se encontra a sociedade humana e por efeito o que se relaciona a ela. Nasce e se concretiza a idéia de um mal necessário. Já que uma sociedade sem regra é um mundo de caos e de involução. Mas será que o homem está realmente evoluindo?
Dentro de uma analogia, os animais irracionais possuem o que buscamos. Paz, liberdade e sobrevivência. Sem a necessidade de um afrontamento mais intenso ao meio que lhe sustenta. Guiados apenas pela evolução geológica e por efeito climáticos dela resultantes que lhes impõem condições novas de sobrevivência. Uma liberdade que não se prende ao tempo apenas a essência de sobreviver. Ou seja, viver como se fosse o último.
Mas o homem é diferente. Evolui além de sua necessidade e com isto revertendo o papel da evolução. Pois, impõe ao meio à adaptação a evolução do homem. Consequentemente o que se colhe disso tudo é uma efêmera pax (não paz) e uma explosão de idéias liberais que se contrapõe a prisão humana sem muro. Não ao desejo da evolução. Isto não é liberdade.
O homem não é um ser livre porque criou sua própria prisão. O homem pensa em invocar a liberdade quando vislumbra que esta rompendo com esta prisão sem perceber que esta caindo em outra. São poucos que observam que independente de estarem livres, já estão. Porém, se condicionam as ideologias, conceitos e coisas do gênero ao invés de fazer o básico que é sobreviver. Ser o rei do seu próprio castelo. Não do castelo dos outros. De buscar alternativas na tempestade dentro de um contexto harmônico. Não sob a influência de achar que não é livre e buscar culpados onde eles nunca tiveram. Isto porque se somos regidos por um contexto de ação e reação, então são nossos atos que nos fazem sentir a prisão. Não o ato alheio.
No entanto, o ato alheio que nos atingem foram desenvolvidos em um contexto que poderiam ser evitado desde o seu início. Pois, ninguém nasce ladrão, bandido, corrupto, assassino, ditador,... as pessoas apreendem isto a partir das experiências colhidas em sua caminhada vital. Seja de forma direta ou indireta.
É a partir deste ponto que se torna notória a face da liberdade. Pois, ao sermos seres em constante movimento e transformações, somos essencialmente livres. Mas nossa liberdade é limitada. Limitada a agirmos sem criar prisões. Mas exclusivamente proteger a sobrevivência.
A liberdade artificial é uma grande libertinagem institucionalizada. Que atende interesses. Não ao real bem comum. É uma liberdade nociva ao essencial comum que mantém a evolução coerente da vida. É um conceito e uma ação desprovida de essência conhecida e explicitada. Quem carrega o grito de liberdade em uma mão, segura na outra a opressão a ser desencadeada.
Diante disto a liberdade não se conquista, mas a percebe de mãos dadas com a paz essencial. Que não deixa de ser uma prisão. Mas um cárcere que não ceifa vida e não compromete o meio. Existem pessoas que querem ser livres gozando de extrema liberdade. E por este motivo provam do que plantam, para talvez um dia descobrir que nunca esteve livre, mas que mesmo assim possuía a liberdade. É complexo entender esta observação, porque ela é muito simples de ser entendida.     
A observação mais interessante que presenciei foi que o homem criou a escravidão para todos e botou o nome disso de liberdade. E todos ficaram felizes achando que fizeram um grande negócio.
Mas em contraposição as regras que limitam a liberdade, viver no contexto do “homem ser o lobo do homem” seria a idéia que melhor ilustrasse o mundo livre?
Um dia o homem viveu semi-livre, porém como animal. O problema que o homem se artificializou e se fundamentou na sobrevivência para defender seus interesses diversos. Ou seja, achar o limite entre o que realmente é uma ação livre e o que é um abuso dela, parece na contemporaneidade uma ação desconhecida das pessoas.
Diante disto até este momento de reflexão é contemplado que a liberdade é fruto da racionalidade. Desenvolvida na ação de escolha que transcende a sobrevivência natural. A qual cria fronteiras onde antes era um território livre.

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