terça-feira, 19 de novembro de 2013

QUANDO A ANOMALIA É QUEM AMAMOS!


 
Nove meses de espera. Tantos sonhos e perspectivas. Então um dia nasce um novo ser humano, trazendo alegria para seus pais e familiares mais próximos. Uma nova caminhada começa para o novo ser. Porém, devido ao seu recém iniciado processo de desenvolvimento ele será acompanhado e ensinado por aqueles que já projetam um destino condicionado, mas necessário a ele para sobreviver dentro do contexto do bem comum.
Aos poucos aprende a falar, a andar e a entender como tem que se comportar e agir diante das diversas situações que aparecem e aparecerão em sua estrada da vida. Recebe valores a serem seguidos e praticados ensinados pela família, reforçado pela religião e aperfeiçoados pela educação escolar. Começa aprender a se socializar. Porém, sempre aos olhos de seus guardiões familiares.
Passam-se cinco anos, e o pequeno ser recebe uma pequena autonomia, no momento que é matriculado em uma escola. Neste lugar entrará em contato com novos conhecimentos, experiências sociais e principalmente com um suposto toque da liberdade e independência, que muito o seduzirá. Mas mesmo na escola, existem pessoas a vigiarem constantemente sua conduta e desenvolvimento vital.
Simultaneamente a tudo isto, o pequenino ser, involuntariamente recebe uma gama enorme de valores e conhecimentos propagados, pelos meios de comunicações. E a partir disso, vai forjando sua personalidade. Mas nem tudo é tão perfeito neste mundo. Pois, vivenciará problemas familiares, tristezas, decepções, dores,... no entanto, aprenderá e desenvolverá formas de lidar com todos estes acontecimentos. Mesmo, podendo carregar traumas para a vida, que de alguma forma produzirão algum efeito futuro, que poderão ser maléficos ou benéficos. Tudo vai depender do meio e das circunstancias que o cerca.
Independente deste fato, o ser continuará vivendo, conhecerá pessoas que lhe causarão estrema simpatia, que chamará de amigo. Aprenderá e ensinará muito com esta relação de amizade. Um dia, vai descobrir o amor, e vivenciará um mundo novo, com novos conhecimentos, que terão a capacidade de alterar o seu desenvolvimento para sempre. Estudará conhecimentos específicos na Universidade, para se tornar um doutor. Então sai pronto para desbravar a vida de forma independente mas ainda ligadas a seus primeiros e vitalícios mestres. Até o dia, que declara sua independência, se unindo a um novo ser. A partir deste momento o ser vira mestre, e repassa tudo o que aprendeu a sua geração. Esperando ser tão bom mestre, como foram seus familiares.
Se tornará um motivo de orgulho íntimo e velado para a família, pois, alcançou aquilo que se esperava ainda em tempos de sua geração.
Pode ocorrer, que este exemplo citado introdutoriamente não siga um padrão desenvolvido por outros seres, no entanto, a perspectiva que se tem de um filho é sempre que ele alcance uma vida digna, harmônica, e honesta dentro do bem comum. Isto é valido em qualquer sociedade ou grupo étnico existente no mundo. Pois, independente de quem cria, ou do contexto que se é criado, todo o ser recebe uma gama de aprendizagem que servirão para viver em harmonia com o seu próximo.
É lógico que existem casos onde o ser não recebe atenção de familiares, vive um contexto de abandono. No entanto, agora, devemos nos prender ao contexto de quem possuiu uma família, ou pessoas que buscaram cuidar de seu desenvolvimento pessoal na sua caminhada pela estrada da vida.  
No entanto, neste caminho, pode ocorrer algumas descobertas, que deveriam ser evitadas. Porém, estes fatos se escondem em uma fachada de credibilidade que passam despercebidos pelos guardiões do caminho do ser desbravador. Porém, um dia ela se revela. E quando isto ocorre, uma ação de surpresa se manifesta, para justamente amenizar o sentimento de decepção e de uma meia ou inteira culpa, que seus mestres nestas horas expressam, mas que não conseguem identificar onde falharam.
Mas este fato desnorteante, não ocorre só no contexto da esperança depositada em um filho. Mas, também no contexto de credibilidade que depositamos na pessoa que possui nossos zelos mais íntimos, nossa devoção, dedicação e atenção. No ser que compartilhamos nossa vida e futuro. Na pessoa que nos faz sonhar com o céu, mas que mesmo não nos fazendo mal, nos fere involuntariamente, mas mortalmente com um lado que se repudia no contexto do bem viver. Pois, como iríamos imaginar que por trás de tantas perfeições, existiria um lado tão imperfeito. Que muitas vezes até coloca a nossa própria vida (moral, credibilidade, respeito, honestidade,...) em risco.
Este acontecimento também pode se relacionar a irmãos, parentes, amigos e pessoas que considerávamos exemplares. Os quais podem estar vivendo de fachada, escondendo muito bem um segredo, que poderia se reverter para seus familiares.
É surpreendente quando se descobre, e infernal quando se tem que se defrontar com esta realidade. Pois, não se desconfia de quem tem nossa intima confiança. Não se imagina, imperfeições tão graves. Porém, nos cegamos,  ensurdecemos e ignoramos, certos fatos, quando eles se apresentam de forma involuntária. Pois a credibilidade que se deposita na pessoa amada, é tão poderosa, que o que ela faz, recebe sempre uma interpretação favorável ao argumento dela. Por este motivo, nunca desconfiamos do ente querido que não possui um meio de sustentação, e de repente começa aparecer objetos diversos de valor razoável,  a sair e não pedir dinheiro para cobrir seus gastos. Não desconfiamos de parentes e amigos que aparecem com coisas muitas vezes incompatíveis com a realidade que ele vive. Se demora para perceber mudanças de comportamento, e quando se percebe logo acha que é um problema financeiro, intimo ou de doença, fora outras observações que costumeiramente você faz de quem não lhe é muito chegado, mas que você se quer se preocupa em observar na sua realidade mais intima. Não porque você ache seus entes queridos perfeitos, mas porque a confiança que você deposita nele lhe cega inconscientemente. Porém, estes superficiais e ilustrativos exemplos, podem ser o primeiro sinal para evitar um fato surpreendente.         
O exercício da Guarda é um sacrifício pessoal, onde os interesses da sobrevivência se impõem sobre qualquer outro. Com a decorrência do exercício, se depara com anomalias das mais variadas estirpes, que conscientemente se percebe, que elas merecem o destino que recai sobre ela. Mas as vezes a Teia da Vida parece testar seus guardiões. E cria contextos que até o mais preparado dos Guardiões, não consegue na maioria das vezes enfrentar. É nesse momento que muitos pensam sobre como a vida é dura e perversa. Porém, justa, fria e pratica.
O grande inimigo do Guardião, muitas vezes não se esconde na favela, atrás de muros de um quartel, ou numa grande mansão altamente protegida. As vezes o inimigo, esta em nossos braços, ao nosso lado, senta-se a mesa com a gente, recebe nossos zelos e educação. Ou seja, as vezes a anomalia é um ente familiar, que por trás de uma mascara de bom cidadão, vive um monstro que assombra a sociedade.
E daí, como se age numa situação assim?
Como você ira “ceifar” com a foice da justiça da Teia, a “vida” de seu próprio filho, sua esposa (o), seu irmão, seu pai, seu amigo,...?

Uma questão complexa, sem nexo, que no mínimo deixaria qualquer ser perplexo. Como agir? Pois querendo ou não o Guardião possui sentimentos, por mais controlado que estes estejam. Porém, o Guardião tem uma missão maior, que se reverte ao princípio do sacrifício de um, para o bem de milhares. No entanto, pesa a questão da consciência no que tange encontrar outra alternativa. 
Mas qual seria a alternativa?
Julgar é fácil mas entender ações...

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