O
medo então se torna terror, e o extinto mais extremado de sobrevivência primitivo,
ocultado por milhares de anos de evolução, é despertado. A racionalização é
corrompida e alienada, só existem sombras, e o ser mais maligno desperta
inconsciente, desprovido de reflexão benévola. No entanto, sabe que renasceu,
para proteger seu confinamento. Guia-se pelo desejo de vingança, se banha com
ódio e age na frieza da hipocrisia. Anda
como humano, mas se comporta como predador enquanto não satisfaz seu interesse
no sangue daquele que o despertou. Então o Cavaleiro da Teia, torna-se anomalia.
Corrompe-se no contexto do que combate. Radicaliza sem perceber que seu ato é o
que deveria ser combatido por primeiro.
Entende-se
como radicalismo, toda ação humana de tendência extremamente exaltada e que
busquem resultados de satisfações imediatos, guiados por interesses
superficiais ou por condicionamentos ideológicos genéricos, dentro de um
processo complexo de combate as anomalias sociais e vitais.
Sendo
assim é um fenômeno que pode ocorrer no contexto de qualquer doutrina, ideologia,
religião, política ou outra forma de manifestação racional expressada pelo
homem. Diante disso, na analise dos que ainda não perceberam o segredo que se
busca encontrar para caminhar no exercício da Guarda, irão concluir que o
contexto basilar da Rede de Proteção da Ordem é de tendência radical. Pois,
querendo ou não, ela busca eliminar as anomalias que impregnam a Teia da Vida.
Porém, devido a sua suposta radicalidade, já que emprega a ideia de
“extermínio” em muitas de suas expressões de reflexão, ela deve possuir algumas
considerações que limitem ou impeçam a radicalização mais exaltada dos
fundamentos e da teoria. Isto se deve, porque na eminência da radicalização da
tendência, poderá acarretar não mais a Proteção da Ordem, mais um
comprometimento desta.
Neste
sentido a ação não deve ultrapassar nunca as complexas necessidades da Teia da
Vida. Desta forma, se deve fazer uma separação coerente entre radicalismo, e a
adaptações e a criação de novos fundamentos que serão necessários, para
responder as necessidades de ações da Guarda, sobre o universo social.
Diante
desta perspectiva é clara a rigidez da Rede de Proteção quanto a inovações
radicais que se fundam nas superficialidades de efêmeras observações. Mas, a
tendência é flexível quanto a inovações que visem a contemplar uma real e nova
necessidade. Porém, esta flexibilidade só será possível, se a inovação vier de
um processo de avaliação e análise, que encontrem nexo as novas perspectivas de
ação e reação que realmente provoquem um fenômeno de metamorfose do caos, que
fluam de forma a proteger o contexto provedor do ciclo vital.
O
guardião deve-se guiar pelo princípio de que tudo que é criado pelo homem, tem
dois lados e alternativas diversas que derivam deles. Devem conhecer o
antagonismo dos elementos, e a contradição das ações. São premissas difíceis de
contemplá-las, porém elas vão sempre existir, no que tange o caminho
alternativo que afasta a possibilidade da radicalidade do rompimento do ciclo
existencial físico.
A
radicalização é de uso exclusivo da Natureza. Não deveria ser do filho racional
dela. Pois, a partir do momento que o ser duplamente sábio, racionalizou
regras, condicionou-se a um comportamento de bem comum, deixou de ser selvagem,
mesmo tendo este lado ainda dentro dele. Mas, ainda se radicaliza, por motivos
fúteis. E se aceita em partes a radicalização por motivos de extrema
relevância. Mas a grande realidade, é que a radicalização não se liga
exclusivamente com a morte física humana, mas com o fim e o começo de um novo
horizonte, que se contempla em qualquer setor da existência e do provimento
existencial.
Toda
ação de afrontamento de uma situação no contexto da Rede da Vida, é uma atitude
radical, pois, dela se propagam transformações e imposições de comportamentos
que gerarão consequências inevitáveis. Por mais que se tente minimizar os
impactos e o processo de transmutação, ele ocorre. Por este motivo, que quando
não se observas alternativas coerentes para uma determinada situação, as
consequências geradas, são piores que o que se tentou combater, porém quando se
escolhe uma alternativa superficialmente analisada como radical por muitos
olhares passivos e condicionados, certos problemas realmente são resolvidos com
um mínimo de consequência. Porém, quando uma ação se torna realmente radical? E
quando a radicalização é realmente benéfica?
Reconhecer
e analisar as ações próprias antes de praticá-las, é o primeiro passo para
evitar a radicalização malévola. Nada se faz sem pensar, como também nenhuma
ação se torna conclusa e perfeita. Tudo gera ônus e bônus ao mesmo tempo,
conseguir ver isto no contexto futuro, evita a radicalização da imperfeição, em
qualquer setor da vida, sociedade e ambiente.
Grandes
exemplos de radicalizações malévolas podem ser observados no contexto das doutrinas
religiosas, pois, em consequências de um fanatismo cego, muitas guerras foram
travadas, impérios caíram, civilizações desapareceram, classes sociais foram
rigidamente criadas e pessoas foram perseguidas e desprezadas.
O
radicalismo que é observado na religião fez a Civilização Asteca ser dizimada,
pois, os donos da verdade e da credibilidade representados na imagem dos altos
sacerdotes astecas, interpretaram os invasores espanhóis como deuses e os
vincularam a uma profecia sobre o seu fim. De certa forma acertaram sobre o seu
fim, porém, hoje, os historiadores deduzem que um dos motivos do pequeno grupo
de 400 homens de Cortez, ter alcançado êxito frente as tropas astecas que
superavam 500 mil homens, foi justamente a colaboração involuntária da religião
propagada cegamente pelos sacerdotes astecas, que assustou o povo e
posteriormente já criou uma espécie de espírito de derrota antes dela ocorrer
(outros fatores também colaboraram).
A
lendária Troia seguiu o mesmo destino, ao recolher o famoso Cavalo para o
interior de sua fortaleza, este fato se deu, porque os altos sacerdotes
interpretaram que se não fizesse aquilo, o deus Poseidom iria os castigar com
sua fúria.
No
contexto de nossa realidade, ainda é possível verificar confrontos entre
católicos e protestantes no Reino Unido, ocasionado pelo fanatismo e
rivalidades religiosas que se desencadearam no período didaticamente denominado
de Reforma e Contra Reforma.
Na
Índia o sistema de casta desenvolvido pelos arianos através da religião para
controlar a população local sub-julgada por eles, atualmente provoca uma
incoerente desigualdade social e conseqüente miséria, para aqueles que são
considerados como intocáveis. Porém, este fato é uma tradição sagrada, que pode
ser revista pelos brâmanes, no entanto, isto depende de uma interpretação dos
novos tempos. Mas qual seguidor da religião bramanista terá coragem de afrontar a tradição e os seus
radicais defensores?
O
radicalismo gera fundamentalismo que corrompe qualquer doutrina, independente
se mística ou filosófica. Estar atento a isto, é proteger uma cultura sem
afrontar tradições. Perceber isto, é evitar a intolerância ativa e a passiva.
Reconhecer isto, é proteger a vida e realmente aproveitar o melhor de qualquer
doutrina ou ideologia. Porém afrontar um fundamentalismo, pode significar a
perseguição, da mesma forma que ocorreu com os “hereges” e “bruxos” na idade
média.
O
radicalismo é singular a passividade e o antônimo da sabedoria. Porém, o
radicalismo pode ser benévolo, no entanto esta ação radical deixa de ser
denominada e interpretada dessa forma para ser entendida como evolução. Um
exemplo bem comum e pratico é o da pessoa que possui o vício da bebida, e de
repente resolve se afastar dos colegas de farra, da vida noturna e até mesmo da
cidade onde mora, para realmente mudar de vida. Ou seja, tomou uma atitude
radical, mas que o possibilitou a evitar a bebida diminuindo a tentação já que
cortou as motivações externas, o qual possibilitou a enfrentar as motivações
internas. É lógico que esse exemplo, é um fato raríssimo, pois o vicio é um
grande teste para determinar a força de vontade de um ser.
No
entanto, apesar de se ter afastado do foco principal deste propileus, e por
este motivo, possivelmente ocorrer a possibilidade de se ter criado uma
falácia, já que, a argumentação fugiu um pouco da ideia de mostrar que o
radicalismo pode comprometer uma ideologia. O pertinente exemplo de
radicalização benévola, demonstrou bem, em forma de uma metáfora comparativa, o
contexto em que uma ideologia, doutrina ou projeto para ser aplicado
eficientemente, necessita afrontar de forma mais profunda os vetores causadores
de um grave problema. Porém sempre observando o equilíbrio entre a ação e
reação.
O
nosso condicionamento, só contempla o conceito, valoração e ação radical em sua
essência maléfica. Poucos conseguem refletir e contemplar que a radicalização
também ocorre em eventos que trouxeram a paz e a harmonia no contexto de
qualquer circunstancia cotidiana, natural ou global.
Perceber isto é aprender a controlar a ação e prevê
suas reações antes de realizá-las. Pois, se é “de boas ações que o inferno está
cheio”, então se deve rever se as reações do que se contempla uma boa ação, é
realmente boa.
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