quarta-feira, 20 de novembro de 2013

RADICALISMO


 
O medo então se torna terror, e o extinto mais extremado de sobrevivência primitivo, ocultado por milhares de anos de evolução, é despertado. A racionalização é corrompida e alienada, só existem sombras, e o ser mais maligno desperta inconsciente, desprovido de reflexão benévola. No entanto, sabe que renasceu, para proteger seu confinamento. Guia-se pelo desejo de vingança, se banha com ódio e age na frieza da hipocrisia.  Anda como humano, mas se comporta como predador enquanto não satisfaz seu interesse no sangue daquele que o despertou. Então o Cavaleiro da Teia, torna-se anomalia. Corrompe-se no contexto do que combate. Radicaliza sem perceber que seu ato é o que deveria ser combatido por primeiro.              
Entende-se como radicalismo, toda ação humana de tendência extremamente exaltada e que busquem resultados de satisfações imediatos, guiados por interesses superficiais ou por condicionamentos ideológicos genéricos, dentro de um processo complexo de combate as anomalias sociais e vitais.
Sendo assim é um fenômeno que pode ocorrer no contexto de qualquer doutrina, ideologia, religião, política ou outra forma de manifestação racional expressada pelo homem. Diante disso, na analise dos que ainda não perceberam o segredo que se busca encontrar para caminhar no exercício da Guarda, irão concluir que o contexto basilar da Rede de Proteção da Ordem é de tendência radical. Pois, querendo ou não, ela busca eliminar as anomalias que impregnam a Teia da Vida. Porém, devido a sua suposta radicalidade, já que emprega a ideia de “extermínio” em muitas de suas expressões de reflexão, ela deve possuir algumas considerações que limitem ou impeçam a radicalização mais exaltada dos fundamentos e da teoria. Isto se deve, porque na eminência da radicalização da tendência, poderá acarretar não mais a Proteção da Ordem, mais um comprometimento desta.
Neste sentido a ação não deve ultrapassar nunca as complexas necessidades da Teia da Vida. Desta forma, se deve fazer uma separação coerente entre radicalismo, e a adaptações e a criação de novos fundamentos que serão necessários, para responder as necessidades de ações da Guarda, sobre o universo social.
Diante desta perspectiva é clara a rigidez da Rede de Proteção quanto a inovações radicais que se fundam nas superficialidades de efêmeras observações. Mas, a tendência é flexível quanto a inovações que visem a contemplar uma real e nova necessidade. Porém, esta flexibilidade só será possível, se a inovação vier de um processo de avaliação e análise, que encontrem nexo as novas perspectivas de ação e reação que realmente provoquem um fenômeno de metamorfose do caos, que fluam de forma a proteger o contexto provedor do ciclo vital.
O guardião deve-se guiar pelo princípio de que tudo que é criado pelo homem, tem dois lados e alternativas diversas que derivam deles. Devem conhecer o antagonismo dos elementos, e a contradição das ações. São premissas difíceis de contemplá-las, porém elas vão sempre existir, no que tange o caminho alternativo que afasta a possibilidade da radicalidade do rompimento do ciclo existencial físico. 
A radicalização é de uso exclusivo da Natureza. Não deveria ser do filho racional dela. Pois, a partir do momento que o ser duplamente sábio, racionalizou regras, condicionou-se a um comportamento de bem comum, deixou de ser selvagem, mesmo tendo este lado ainda dentro dele. Mas, ainda se radicaliza, por motivos fúteis. E se aceita em partes a radicalização por motivos de extrema relevância. Mas a grande realidade, é que a radicalização não se liga exclusivamente com a morte física humana, mas com o fim e o começo de um novo horizonte, que se contempla em qualquer setor da existência e do provimento existencial.
Toda ação de afrontamento de uma situação no contexto da Rede da Vida, é uma atitude radical, pois, dela se propagam transformações e imposições de comportamentos que gerarão consequências inevitáveis. Por mais que se tente minimizar os impactos e o processo de transmutação, ele ocorre. Por este motivo, que quando não se observas alternativas coerentes para uma determinada situação, as consequências geradas, são piores que o que se tentou combater, porém quando se escolhe uma alternativa superficialmente analisada como radical por muitos olhares passivos e condicionados, certos problemas realmente são resolvidos com um mínimo de consequência. Porém, quando uma ação se torna realmente radical? E quando a radicalização é realmente benéfica?
Reconhecer e analisar as ações próprias antes de praticá-las, é o primeiro passo para evitar a radicalização malévola. Nada se faz sem pensar, como também nenhuma ação se torna conclusa e perfeita. Tudo gera ônus e bônus ao mesmo tempo, conseguir ver isto no contexto futuro, evita a radicalização da imperfeição, em qualquer setor da vida, sociedade e ambiente.
Grandes exemplos de radicalizações malévolas podem ser observados no contexto das doutrinas religiosas, pois, em consequências de um fanatismo cego, muitas guerras foram travadas, impérios caíram, civilizações desapareceram, classes sociais foram rigidamente criadas e pessoas foram perseguidas e desprezadas.
O radicalismo que é observado na religião fez a Civilização Asteca ser dizimada, pois, os donos da verdade e da credibilidade representados na imagem dos altos sacerdotes astecas, interpretaram os invasores espanhóis como deuses e os vincularam a uma profecia sobre o seu fim. De certa forma acertaram sobre o seu fim, porém, hoje, os historiadores deduzem que um dos motivos do pequeno grupo de 400 homens de Cortez, ter alcançado êxito frente as tropas astecas que superavam 500 mil homens, foi justamente a colaboração involuntária da religião propagada cegamente pelos sacerdotes astecas, que assustou o povo e posteriormente já criou uma espécie de espírito de derrota antes dela ocorrer (outros fatores também colaboraram).
A lendária Troia seguiu o mesmo destino, ao recolher o famoso Cavalo para o interior de sua fortaleza, este fato se deu, porque os altos sacerdotes interpretaram que se não fizesse aquilo, o deus Poseidom iria os castigar com sua fúria.
No contexto de nossa realidade, ainda é possível verificar confrontos entre católicos e protestantes no Reino Unido, ocasionado pelo fanatismo e rivalidades religiosas que se desencadearam no período didaticamente denominado de Reforma e Contra Reforma.
Na Índia o sistema de casta desenvolvido pelos arianos através da religião para controlar a população local sub-julgada por eles, atualmente provoca uma incoerente desigualdade social e conseqüente miséria, para aqueles que são considerados como intocáveis. Porém, este fato é uma tradição sagrada, que pode ser revista pelos brâmanes, no entanto, isto depende de uma interpretação dos novos tempos. Mas qual seguidor da religião bramanista  terá coragem de afrontar a tradição e os seus radicais defensores?
O radicalismo gera fundamentalismo que corrompe qualquer doutrina, independente se mística ou filosófica. Estar atento a isto, é proteger uma cultura sem afrontar tradições. Perceber isto, é evitar a intolerância ativa e a passiva. Reconhecer isto, é proteger a vida e realmente aproveitar o melhor de qualquer doutrina ou ideologia. Porém afrontar um fundamentalismo, pode significar a perseguição, da mesma forma que ocorreu com os “hereges” e “bruxos” na idade média.
O radicalismo é singular a passividade e o antônimo da sabedoria. Porém, o radicalismo pode ser benévolo, no entanto esta ação radical deixa de ser denominada e interpretada dessa forma para ser entendida como evolução. Um exemplo bem comum e pratico é o da pessoa que possui o vício da bebida, e de repente resolve se afastar dos colegas de farra, da vida noturna e até mesmo da cidade onde mora, para realmente mudar de vida. Ou seja, tomou uma atitude radical, mas que o possibilitou a evitar a bebida diminuindo a tentação já que cortou as motivações externas, o qual possibilitou a enfrentar as motivações internas. É lógico que esse exemplo, é um fato raríssimo, pois o vicio é um grande teste para determinar a força de vontade de um ser.
No entanto, apesar de se ter afastado do foco principal deste propileus, e por este motivo, possivelmente ocorrer a possibilidade de se ter criado uma falácia, já que, a argumentação fugiu um pouco da ideia de mostrar que o radicalismo pode comprometer uma ideologia. O pertinente exemplo de radicalização benévola, demonstrou bem, em forma de uma metáfora comparativa, o contexto em que uma ideologia, doutrina ou projeto para ser aplicado eficientemente, necessita afrontar de forma mais profunda os vetores causadores de um grave problema. Porém sempre observando o equilíbrio entre a ação e reação.
O nosso condicionamento, só contempla o conceito, valoração e ação radical em sua essência maléfica. Poucos conseguem refletir e contemplar que a radicalização também ocorre em eventos que trouxeram a paz e a harmonia no contexto de qualquer circunstancia cotidiana, natural ou global. 
Perceber isto é aprender a controlar a ação e prevê suas reações antes de realizá-las. Pois, se é “de boas ações que o inferno está cheio”, então se deve rever se as reações do que se contempla uma boa ação, é realmente boa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário