quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

IMPERFEIÇÕES


Tudo que foi tecido até então, foi desenvolvido por um ser humano, desprovido de sabedoria sobrenatural e que vive e convive com um cotidiano humano todos os dias, sendo influenciado diretamente e indiretamente por este cotidiano. Que apesar de estar distorcido, é o universo real e palpável em sua essência existencial.
Em relevância a este fato é de fundamental importância para a compreensão deste livro proibido, que o leitor contemple a realidade, que o mundo ideal se diferencia do real. Pois, sendo eu um mortal, possuo sentimento e ponto de vista, mesmo tentando ser abrangente, se torna notório para qualquer especialista que o que escrevo reflete indiretamente e involuntariamente uma tendência, uma linha de pensamento. Sendo assim, ganha notoriedade que diversas observações que demonstrei, tendem a se contradizerem ou recaírem em um contexto de suposta impossibilidade, motivada pelos próprios desafios que o antagonismo e a complexidade das ações e reações dispõem.
Diante disto, saibam que este livro proibido, em sua disposição inicial, não carregava em suas linhas uma disposição condicionada como benévola, tolerante e da busca pela compreensão da verdade abrangente, como hoje se dispõe, (mas que logo estará superada), já que estes pensamentos, são filho de um ser em evolução, que apreende e observa o cotidiano, e por este motivo, tenta corrigir as imperfeições (que são varias), dos pensamentos aqui contidos e por você explorados.
Inicialmente, estes pensamentos buscavam a satisfação da honra, encravada numa superficial justiça, afrontante da justiça corrente. Mas, que de certa forma satisfaziam o interesse velado da população. Porém, era uma justiça baseada na vingança, no derramamento de sangue, intolerância e na justificação disso tudo. No entanto, com o desenvolver do pensamento em direção da busca pela manutenção da sobrevivência, ocorreu uma noção nova, que não se combate o condicionamento mal com ações maléficas e nem com o mal disfarçado de bem. Observei que não se combate o mal, se explora o bem no propagador do mal. No entanto não raro, é ainda observar nos propileus, ações de resposta ao mal que pouco evoluíram no caminho desta condição, devido a complexidade e bloqueios condicionantes que impedem uma visão mais contemplativa e evolutiva de um ser consciente.  
Consciente destas imperfeições, no contexto desta obra sempre foram buscados novas alternativas para encontrar soluções que as diminuíssem ou as corrigisse, porém, sempre recaia no contexto místico, da fé e do medo. Percebi, que estou condicionado a reagir com repudio daninho e hipócrita as ações que afrontam o bem comum. E desta forma expresso em linhas, mais um desabafo contra o que eu julguei estar errado, do que propriamente desenvolver algo novo, capaz de promover uma suposta revolução no que tange a consciência de uma sobrevivência harmônica.
E como humano que sou, me decepciona descobrir, que tudo que escrevi, já foi escrito, e até compactado pelas doutrinas religiosas e filosofias, porém com palavras diferentes e interpretações mais sabias e abrangentes que as que até aqui foram expressadas. Se plágio ou não, é ai que descobrir, o quanto a percepção cerebral é eficiente, pois ela capta as entrelinhas de tudo e de todos que entramos em contato, sem se quer existir uma ação voluntaria para a percepção disso tudo. Ou seja, uma figura, musicas, o simples foliar de um livro, são o suficiente para propagar o conhecimento e as tendências ideológicas de uma pessoa, disposta indiretamente e involuntariamente no contexto de sua obra literária ou cinematográfica,  a ponto de serem captados, e inter-relacionado a um pensamento complexo, que molda e condiciona nosso pensamento, independente de um interesse maior. Somos humanos, nossa sobrevivência se liga por múltiplos caminhos.
O conhecimento circula, e por este motivo é captado, não importando o seu veiculo de propagação. Diante desta condição, verifiquei que o que recebemos indiretamente e involuntariamente, vai nos preenchendo, até que um dia, por algum motivo, ele desperta como se fosse algo que sempre esteve presente em nós. Motivado por este fenômeno, buscamos complementar aquele conhecimento, e a partir dele, descobrimos nossas imperfeições, em vários setores de nossa vida, além de descobrir que o que parecia um horizonte novo, era na verdade um horizonte que já existia. Porém, esta resposta, que deveria decepcionar seu descobridor, causa alegria, pois, é através de um velho horizonte, que é possível, ver o que poucos observam. É a partir de antigas experiências e visões, que até hoje ainda são validas, que se pode criar algo realmente novo e útil. Esta nova observação, nos permite então identificar de forma mais rápida e abrangente nossas imperfeições, e consequentemente possibilitando corrigi-las.   
Então, percebi que este livro proibido, é uma grande reflexão de três décadas, disponibilizada em uma compreensão de segundos, mas imperfeita, pela resumida forma que esta sendo expressada. Mesmo se tentando ultrapassar os limites da superficialidade que são ocasionadas pela imperfeição e limitações das letras e palavras que não conseguem recepcionar o pensamento de forma coerente e contemplativa, ao nível do que estou pensando agora.
A grande imperfeição que verifiquei, foi que não consegui corrigir as contradições de meus pensamentos, não encontrei uma alternativa para se desvincular da contaminação pelos diversos agentes condicionantes que me corrompem indiretamente e involuntariamente no cotidiano de minha estrada. Porém, até este presente momento, observo que é através dos infinitos conhecimentos que me corrompem, que consigo evoluir e achar caminhos para as respostas que acho que procuro.
Foram as imperfeições alheias, que possibilitaram o reconhecimento de meu pensamento imperfeito. A anomalia em seus exemplos, me mostraram a anomalia que eu sou, e que eu possa ser, se caso não conseguir corrigir os meus pontos de vista e maneiras de combater o que por mim e pela sociedade é repudiado.
Como já citei em parágrafos anteriores, os textos que estão sendo lidos, nem sempre foram assim, eles pareciam mais com um grande incentivador do caos e do terror, no contexto de um levante contra o que é concebido como mal. Este livro, ainda carrega traços destes tempos. Porém, o que resta esta em evolução.
Mas não me arrependo disto, pois, descobri que o grande erro meu e de meus iguais, é o fato de desconhecermos o mal. E por esta consciência leiga, não conseguimos  combatê-lo, sem o utilizá-lo como arma principal. Isto é tão evidente, que a nossa própria forma de se dirigir ao mal, já é extremamente hostil. E por contradição, a hostilidade, é algo pregado como mal em nossa sociedade. Sei que esta sendo complexo compreender isto. Porém, se servir de consolo, eu só consegui compreender isto, ao explorar os pensamentos mais malignos que estavam dentro de mim, que foram dispostos nos primeiros ensaios deste Librorum Prohibitorum.
Os quais, apesar de buscarem uma suposta justiça, já que se revertiam contra as anomalias, possuíam como essência, todo o mal que se estava combatendo. Ou seja, “olho por olho, dente por dente”. Porém, depois de algum tempo, verifiquei que existe no homem uma essência má, mas que ela pode ser controlada, e que por mais absurdo que seja, ela possui uma função. No entanto, é uma função pedagógica, se levar em conta o atual estagio de evolução da humanidade.
Quando comecei escrever, buscava o objetivo de ser útil, de aproveitar o que eu acho que é um dom em mim, a serviço de melhorar e aperfeiçoar o caminho da sobrevivência, porém, não sei se o meu dom de escrever, possui esta capacidade tão abrangente assim. Eis, que a vejo imperfeita, carente de conhecimentos mais apurados e ainda condicionado ao tempo.
Pois, inspirações existem, surgem, mais nem sempre são registradas. Prefiro acreditar que quando ocorre isto, é porque estes pensamentos estão ainda falhos. Isto ocorre porque, não gostaria de ver meus pensamentos ainda portadores de alto graus de falibilidade, contradições e condicionamentos ainda não detectados, serem lidos cegamente e  sem devida contemplação destas falhas. Eis que não quero que aqueles que hoje estão lendo e os futuros que irão desbravar estes propileus, que façam o mesmo que muitos fazem com a Bíblia, Al Corão, Vedas, as obras de pensadores universais,..., ou seja, longe de comparar o que escrevi com a imensa sabedoria expressada nestes documentos universais, mas com a simples preocupação de alertar que a imperfeição não existe só em um documento, mas sim na observação de quem o percebe, e mesmo assim, o aceita como verdade absoluta, sem se quer ter o dever de alertar sobre a imperfeição encontrada.
Independente de ter sido um ser humano ou sobrenatural que escreveu algo, é necessário perceber, que certas condições se alteram conforme o homem evolui, e por este motivo as imperfeições e contradições devem ser apontadas e postas em questionamento, para que aquela imperfeição encontrada, guie o ser para o caminho de tentar corrigi-la aos moldes da nova contemplação evolutiva do homem. Porém, sempre guiada pelo real bem comum, harmonia e manutenção da sobrevivência dentro do processo de ação e reação. Como também tomar cuidado com anomalia que supostamente percebe uma imperfeição ou até uma imperfeição inexistente, e busca a partir disso tirar proveito para satisfazer seus interesses.
Imperfeições, tudo que for feito e interpretado pelos filhos da geração de ferro, irá possuir. Não diferente ocorre com este livro. No entanto, apontar isto, deveria ser uma atitude de perfeição, pois, se eu busco evoluir, é necessário que se corrija as imperfeições presentes em mim primeiramente, e em meus pensamentos que propago consequentemente.

O Librorum Prohibitorum é uma grande imperfeição em busca do sonho da perfeição, que passa pelos infinitos fios da Teia da Vida e do complexo universo da sobrevivência humana. Pois, quanto mais o homem vive e sobrevive, mais ele aprende, ensina e se corrige. 

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