O homem luta hoje por coisas que á
tempos atrás jogava fora. Nesse tempo o ser humano tinha mais do que
necessitava. Porém, achava que não tinha nada. Ou melhor, o que desfrutava não
lhe dava satisfação. Pois, era o prazer que deveria ser alimentado e saciado e
não mais a sobrevivência.
Nesses tempos em que o homem tinha
tudo, mas nada lhe trazia satisfação. Existiam grupos de pessoas com
pensamentos diversos que lutavam pelo poder para buscar a paz. Não é uma
certeza, mas foi por causa de livros sagrados que pregavam a paz e livros doutrinários e filosofias que buscavam a
igualdade, a liberdade e a evolução que a grande guerra começou. A paz virou
utopia. Palavras de livros e teorias. E estas palavras acalmavam os homens e os
viciavam. Era um entorpecente ocultado. Que faziam as pessoas imaginarem e
sonharem. Mostrava um mundo tão exuberante. O problema era quando o efeito
passava. O que ninguém via naqueles tempos, é que o grande segredo das palavras
que davam alicerces ao poder, estava na simples ação de explorar o que se ocultava
de ruim nas pessoas. Palavras de ordem,
de conforto e de norte só funcionam no caos. Sem caos, não há necessidade de
pregar a ordem e discursar sobre a promessa de paz.
A paz existia. Morava na sabedoria de
saber viver e utilizar o que naturalmente lhe era concedido com abundancia. Mas
o homem se iludiu com a pax, e ela o alimentou sem medir esforços.
Ah! Nesses tempos, onde o sol apenas
aquecia os humanos, não os queimava como hoje. Onde era possível identificar o
ar puro e dele retirar o prazer de respirar. Mas nem isto era capaz de saciar o
homem. Hoje o ar carrega a morte com seu toque que penetra no ser se
manifestando em seu corpo de forma lenta no contexto do que gera e da forma
como o próprio corpo se consome.
O homem não era eterno, mas vivia o
suficiente para seu espirito e feitos vagarem por gerações, mas nos tempos que
não quero ver, o homem mal consegue viver um quarto que seu ancestral mais
evoluído conseguia. E seus feitos morrem com ele.
Nesses dias que não quero ver a paz
existe quando o ser morre.
Talvez a ignorância que o homem
desfruta nesses dias que não quero ver, seja a mesma realidade que se oculta
atrás do cenário dos tempos em que o homem tinha tudo, mas nada lhe trazia
satisfação.
A paz que me traz satisfação é tão
simples, fácil de adquirir e espontânea, que se contradiz com a paz que aqueles
que estão a minha volta querem desfrutar. Porque eles se entorpecem com
palavras. E seus sentimentos lhe levam a um mundo incompatível com o inferno
que desfrutam. E isto eles não verem. E por causa disso que nos dias onde se
jogava o que hoje se luta com a vida, eles alimentaram a guerra, propagaram a
palavra sob o clivo da pax, da virtú, da liberdade e da igualdade. Colheram o
mundo que buscavam. Livre, onde o homem é o lobo do homem; igual, onde ninguém
tem mais que o outro, pois tudo é de todos já que não há o suficiente para
todos; de pax, onde a morte do inimigo é o alivio e a garantia de sobrevivência
até o dia seguinte e por fim a vertú; onde a riqueza esta em ter o poder, ou
seja, o suficiente para lhe fazer sobreviver.
Este é o tempo que não quis ver. Mas
ele escorre como a água com gosto. Que se bebe para viver o momento, mas que
sabe que se esta tomando um veneno que apenas lhe adiantara a escuridão em um
futuro.
Mas os homens lutaram por democracia,
anarquismo, nazismo,..., conseguiram, lograram êxito, eles agora são países de
um homem só, com suas leis e ideologias. Esses são os tempos que por castigos
alguns presenciaram. E se arrependem. E chegaram a conclusão que o homem nasceu
para ser escravo porque nunca soube ser senhor e tão pouco entendeu porque deve
ser servo em muitas circunstancias.
Nesses tempos as baratas, escorpiões
e ratos vivem em grupos e até numa espécie de comunidade como sempre fizeram,
protegendo seus pares, caçando e lutando pela sobrevivência dentro de suas
realidades naturais. Já o homem, caça o próprio homem, se alimenta da carne de
seus pares e só se agrega por interesse. Pois não confia mais no seu
semelhante, não há simpatia. Existe guerra por um pedaço de vidro.
Quando os livros sagrados existiam,
se falavam nos deuses, se escreviam sobre eles, se fundavam palavras pela
devoção a eles. Mas eram tantas palavras e poucas ações. Havia intolerância que
surgiam no contexto da pregação da paz. A mesma pregada por todas as palavras
tecidas e ditadas pelos deuses. A grande contradição, era que se lutava pelas
palavras, e não para praticar o que realmente elas expressavam. E o pior era
que o deus era o mesmo, porém adaptado a cultura e tradições diversas. Mas o
homem queria a paz, respeito, justiça,... sem sequer tenta-la buscar com suas
ações. Hoje não há deuses ou palavras sagradas. Só existe a necessidade de
sobreviver. E quando se consegue se comunicar com alguém amistosamente
percebesse que é melhor cada ser descobrir e se confortar por si só.
O ignorante ri do sábio, pois ele não
percebe a distancia que ficou do conhecimento que o sábio possui, que o
interpreta como um ser que só expressa bobagem. Mas os poucos sábios que
existem não riem dos ignorantes. Mas se entristecem por deixarem o homem chegar
a aquela condição. Estes são tempos em que a roupa e a aparência possuem mais
credibilidade que as conquistas que um homem colhe na vida, em campos onde
muitos viram utopia e adversidades insuperáveis. Mas estes são tempos recentes.
Tempos que este tipo de ignorância corrompia até quem carregava o conhecimento
e também as palavras sagradas.
O tempo do fim. Quantos “fim do
mundo”, presenciei. Todos pregados por rebeldes sem fundamentam que se
credenciavam em uma suposta fé. A fé na morte! Mas, é louvável acreditar, mesmo
não sendo uma fé verdadeira. Pois, tanto quem prega quanto os que acreditam,
compartilham de um micro universo que vaga na realidade. E nesses tempos que
isto acontecia, observei muitos não religiosos e tão pouco ligado a qualquer
propagação de profecias tirarem proveito dos que tinham fé. Eis, que estes lhe
tomavam o seu reino de forma legal mas desonesta. Já que se aproveitavam da
condição dos alucinados, para comprarem a preços insignificantes aos valores
reais seus bens. Da mesma forma que vendiam “lixo como sendo ouro”. Mas estes
eram o “tempo do fim”. De um lugar que causava comoção se acabasse. Hoje, os
que viveram estes tempos, sonham com ele. Pois, havia algo a temer. Já nos tempos
que não quero ver, seria uma benção se tudo realmente tivesse um fim. Porque
viver no nada e com nada, é pior que desaparecer.
Nesses dias que não se deseja, carrego angústias e magoas, por não ter
percebido os ensinamentos da Física sobre o espaço e o tempo, o qual não se
configuram como não existente, mas sim como o nada que possui a capacidade de
conter tudo que existe. Inclusive o fim disso tudo, sem ser contaminado por
ele. Neste contexto o fim é a sensação no meio do nada. Um castigo que nem o maior
propagador do fim mereceria. Mas são tempos que eu não deveria ter visto. Mas
os vi, porque colaborei com eles com a minha passividade e imperfeições não
corrigidas, mesmo conscientizados dela.
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