O
despertar de um raciocínio forjado no seio das observações. Nem sempre são
guardados por palavras escritas, para na posterioridade promover futuras
reflexões e um correto uso.
O
grande problema são que estes pensamentos ganham o mundo de forma inusitada. E
quando se percebe elas se perdem no universo da interpretação.
A
pesar de ter existido uma preocupação em se manter o conjunto desse livro
proibido. De repente ele se dispersa em fragmentos. Os quais não consideram os
entrelaçamentos que ele possui para ser contemplado. É por este caminho então
que os pensamentos se tornam perdidos.
Um
dia eles partiram de sua fonte. E carregado de raciocínios imperfeitos ganharam
o vento em uma tarde de inverno. Nada se assemelhavam aos pensamentos evoluídos
e em constante metamorfose presentes neste pequeno mundo.
Os
pensamentos que se perderam até tinham um objetivo, uma explicação e até um
limite. O problema é que eram contraditórios e contaminados pelo ódio e a
vingança. Buscavam o caos, para equilibrar com um novo começo as ações humanas.
Era um manual de conduta (condicionamento), uma ideologia ocultada e criada
involuntariamente que corrompe o livre-arbítrio e inflexível. Pois, não poderia
evoluir. Eram pensamentos que não atendiam naquele momento, o que realmente se
gostaria de alcançar.
Mas
mesmo assim o “Livro Negro”, fugiu naquele dia. Para onde foi ou o que
aconteceu com ele não é possível saber. Mas de certa forma esta se propagando
porque é notória a sua presença nas ações de certos grupos e pessoas. Que
evoluíram, mas que ainda tendem a possuir essência imperfeita típicas do estado
inicial desses pensamentos.
Talvez
um dia ele volte para sua fonte. No entanto, já é previsível que ele se
reproduziu. E seus clones continuarão circulando e procurando hospedeiros. O
problema é: o hospedeiro possui a sabedoria necessária para refletir de forma
profunda e em lato sensu e em um contexto de observar que o “Livro Negro” era
apenas um rascunho em processo de evolução devido as consequentes metamorfoses
da realidade e sua contemplação?
O
Livro Negro é a essência maléfica que forjou o norte a ser corrigido das ações humanas.
Pois apesar de existir um antagonismo artificial e condicionado o contemporâneo
Livro Proibido é uma reflexão não terminada imperfeita que precisou explorar o
que é condicionado como mal para encontrar sua gênese e dela retirar as
respostas mais próximas da realidade para justamente conter sua propagação
abusiva em um universo de ação e reação extremamente ampla.
Neste
sentido o Livro Negro e sua evolução atual, assim como os pensamentos que se
perderam são a expressão de tudo repudiado pela humanidade. E é por esta
essência ser tão notória e presente, que estas palavras proibidas podem ser
interpretadas a fundamentar um suposto mau uso delas. Pois, são utopias no
papel, mas reais denominadas com outros nomes.
Foram
através dos caminhos da utopia, que um dia o homem olhou para o céu e invejou
os pássaros, imaginou como seria voar, desbravar o manto celeste. Por milênios,
idealizou um meio de fazer isto, idealizou vários experimentos que até deram
frutos como o balão por exemplo, no entanto, apenas no finalzinho do século XIX
depois de Cristo, que o ser humano conseguiu realizar este sonho antigo. Foram
dias de glória, que apontava para uma nova era nos transportes, como
posteriormente ocorreu e vem se desenvolvendo, a ponto de levar o homem até a
transcender o véu azul celestial. No entanto, a máquina voadora criada no
século XX por Santos Dumont foi utilizada posteriormente também para a guerra.
O
ser humano é uma criatura com o dom de transformar seus pensamentos abstratos,
em formas concretas. Objetiva geralmente melhorar o meio em que vive. Busca
corrigir as imperfeições do que esta dando errado. Porém, estamos falando do
que o ser humano cria. Sendo assim, várias são as imperfeições que se
desenvolvem de suas criações, justamente por ela carregar a condição de se
adaptar aos interesses dos seres da quinta raça. É inevitável negar esta
essência volátil de um pensamento, invenção, ação e interpretação do mundo. Mas
é um dever perceber esta ocorrência, e a partir disto buscar explorar o que de
melhor se produz para o bem comum universal.
Neste
contexto verifica-se que estas supostas concretizações dos pensamentos, possuem
dois lados apenas, que a principio são antagônicas. Porém, como contemplar o
mecanismo da passividade de uma essência que pode atender a estes dois lados de
forma a se encaixar perfeitamente nos interesses de quem o propaga e o
recepciona?
Uma
resposta possível a isto, mas complexa, diz respeito ao fato de desenvolver
algo, que supostamente quebre o padrão antagônico e conscequentemente crie algo
realmente novo. Porém, um pensamento complexo assim, esbarra no condicionamento
humano, que prefere o ver como utopia, ao invés de transformá-lo realidade. E
mesmo ele estando no contexto de ser utópico, ele já recebe uma valoração dentro
do universo do antagonismo (bom ou mal).
Em
um mundo onde as noções condicionantes de bem e mal, dominam a recepção humana
da realidade, se torna um desafio expor uma nova forma de visualizar o
horizonte. Da mesma forma, se caminha pelo mundo dos riscos, onde o que é bom,
pode ser transformado em mau e vice-versa. Tudo vai depender da interpretação
feita do que se expôs, como também vai se relacionar diretamente com a
intenção, conhecimentos, sabedoria e interesses que cercam a pessoa que
interpretou tais pensamentos.
Mas
a grande questão é: como o Librorum Prohibitorum será usado e para que
propósitos? Não existem respostas, apenas perspectivas formuladas dentro de um
conjunto de fatores. Onde o homem, seu condicionamento e seus interesses, são
os principais vetores, de uma equação sem lógica.
A
consciência oculta dos seres humanos, o faz um ser subversivo, no entanto, isto
só se concretiza, se o ser por em pratica o que pensou ou se suas ideias forem
levadas pelo vento, até achar alguém que as coloquem em pratica.
Mas
o problema não está em concretizá-las, mas como serão interpretadas,
recepcionadas e utilizadas. Pois, o que se deve considerar sobre isto, diz
respeito que o fruto do homem é imperfeito, da mesma forma se compreende a
ação. Sendo assim, não existe pensamento bom ou ruim, mas sim, o que a
interpretação assimila desse pensamento, como também é relevante observar, a
forma que é recepcionada e posteriormente a que interesses poderão servir.
Ocorre
um grande engano por quem superficialmente analisa que um pensamento nasce para
um propósito no imperfeito mundo dos homens, mesmo sendo absoluto seu objetivo
idealizado. Eis, que isto foi trazido à tona, para demonstrar que por mais bem
intencionado que seja um pensamento, o ser humano, consegue o adaptar para
atender um interesse, muitas vezes distantes do que se buscava originalmente,
pelo criador original do raciocínio.
Não
existe uma convicção se isto é bom ou ruim, pois, como já foi observado não
existe um estado absoluto e real de bem ou mal, existe sim, uma convenção do
que é plausível ou não para a sociedade em um determinado período.
Diante
deste exposto, novamente se faz um alerta para uma reflexão: a que propósitos,
os pensamentos contidos neste Librorum Prohibitorum atenderão?
É
da natureza do homem duplamente sábio desvirtuar e corromper involuntariamente
ou voluntariamente o que outro ser humano cria. Os motivos que forjam esta ação
são diversos, mas os mais notórios são sempre aqueles que buscam atender um
interesse especifico. E diante desse interesse que ocorre a recepção do
pensamento e não de como o interesse deverá ser recepcionado pelo pensamento
abordado.
A
História da humanidade é a maior prova dessa ação humana. Eis, que se
observarmos o contexto religioso, observaremos a ação contraditória do que
prega a doutrina e a forma como ela é utilizada. Superficialmente, parece que é
a doutrina a grande vilã, mas na verdade é o seu manipulador. Pois, apesar
possuir um estado de infalibilidade, o homem não a torna flexível para corrigi-la.
Ou seja, quem faz a doutrina é o homem, quem aplica é o homem e quem deveria
concertá-la deveria ser o homem. Mas o que ocorre, é um grande aproveitamento
das lacunas de um pensamento em prol de interesses de alguns.
A
Igreja Católica sofreu um suposto forte revés em seu passado, justamente por
praticar isto, por desvirtuar os ensinamentos de seu mestre maior, em proveito
do poder. Por este motivo, ocorreu a Reforma Protestante, que questionou
justamente as contradições existentes na doutrina católica em relação as suas
ações na pratica.
Surge
então a corrente doutrinaria luterana. Que foi o estopim para o surgimento de
outras doutrinas cristãs, porém, com o tempo começaram a se desvirtuar da ideia
questionadora principal expressada por Martinho Lutero, John Wyclif e Jan Hus.
Um relevante exemplo foi a forma como surgiu o a doutrina Anglicana, que
superficialmente se desenvolveu sob o pretexto da possibilidade de as pessoas
poderem se divorciar e casar novamente com a benção de um sacerdote, (ação não
permitida pela Igreja Católica), mas que de forma mais velada, serviu realmente
para diminuir o poder da Igreja Católica na Inglaterra que interferia em
assuntos reais e no desejo da nobreza em se apropriar das terras da Igreja
Católica.
Já
outras doutrinas cristãs foram recepcionadas por interesses burgueses, porque
estas não condenavam o lucro. Ou seja, as doutrinas nascem com o objetivo do
bem comum sob o ponto de vista de seu criador mortal, porém, se transformam em
“bem” em prol de um interesse de um grupo. Isto causa consequências, que variam
desde conflitos sangrentos até preconceito sem uma lógica mais apurada. Um
grande exemplo disto foram os efeitos de como as disputas religiosas se
desenvolveram na Inglaterra, pois, o simples fato, da religião do Rei, dever
ser seguida pelos seus súditos, já causava conflitos. Os quais tem efeito até a
contemporaneidade. Ou seja, um católico, não é bem recepcionado em um bairro ou
rua protestante da Inglaterra ou vice-versa. Dai vem a questão: Jesus Cristo,
inspirador do Cristianismo, pregava o preconceito entre “doutrinas cristãs” ou
pregava a união dos povos? Cristo expressou uma “doutrina” única, ou apenas
incentivou a fé, a paz entre as pessoas, o amor, o perdão,...?
Neste
contexto de irracionalidade, percebemos que a ignorância não esta apenas no
ser, mas na manipulação doutrinária, que faz o homem de bem, assimilar a ação
de repudiar a doutrina como um ato de repudio a Deus. Mas, a doutrina não é
Deus. Quem questiona a doutrina, questiona a Deus ou aos homens que se
beneficiam dela? Será que Deus, realmente quer que o homem possua uma fé cega,
se ele propiciou ao homem a inteligência e a criatividade? Pelo que é pregado
nos livros sagrados não.
O
mesmo ocorre no Islamismo, onde o principio da Jihad, é concebido pelos
radicais fundamentalista, como uma ferramenta para atender seus interesses
políticos. Não é visto como Maomé recepcionou da inspiradora voz divina.
A
religião fornece os melhores exemplos de interpretações cegas e carregadas de
interesses a serem identificados, mas isto não pode ser utilizado como
fundamento para a negação de um ser sobrenatural místico, já que, a
interpretação e a manipulação doutrinária são feita por homens e recepcionadas
por eles. Da mesma forma, que não deve destruir seu criador. Mas sim,
identificar o mau uso dela. Porém, o que se vislumbra é o contrário.
Em
um contexto mais abstrato, ocorre o mesmo com as teorias cientificas, no
entanto, o formato em que são elaboradas a tornam muitas vezes inquestionáveis
com superficiais e falaciosos argumentos. Isto sem contar que o fanatismo e a
cegueira colaboram ainda mais para com o desvirtuamento do contexto original,
no que tange interesses pessoais. Basta retroceder aos pensamentos político,
social e econômico de Karl Marx, os quais foram utilizados para fundamentar
ditaduras, e não para serem utilizados no sentido de amenizar as desigualdades
sociais e problemas causados pelo capitalismo. Porém, os fanáticos pelo
marxismo, chegam a criar ideologias e teorias que ligam o marxismo na
interpretação de outras ciências, (“a visão marxista na Educação Física”, por
exemplo).
Tudo
bem, que as teorias se espalham com o vento, inspirando a visão sobre outras,
mas será, que Karl Marx teceu pontos de vistas sobre outras ciências,
religião,..., a ponto de ser interpretado desta maneira, ou é uma forma velada
de propagar a ideologia marxista em setores não abrangido por Marx, mas que por
interesse de imposição desta visão ocorre um desvirtuamento de seu pensamente,
nestes sentido? Pois, o homem vê somente
o que quer ver, e o qualifica conforme a sua razão íntima, forjada sempre por
um passado.
O
grande problema do homem foi observado por ele mesmo, ou seja, “o homem destrói
o que não entende”. Deixando a literalidade das palavras e analisando dentro de
um contexto mais abrangente, é possível chegar a condição, que a interpretação
que o homem faz de um pensamento, de uma ação ou de um fato, nem sempre é
destruído por ele porque este supostamente afronta a tudo e a todos na
sociedade. Mas, sim, pela forma como ele interpreta e usa este pensamento, ação
e circunstancia a seu favor. Diante disto, se percebe que realmente o ser
duplamente sábio, destrói o que não entende, porém, dentro da perspectiva que
melhor lhe interesse. Seja isto de forma voluntaria ou involuntária. Resumindo,
não existe um monstro, é o homem que o cria e muitas vezes o domestica para lhe
prestar serviços.
O
conhecimento, sempre foi subversivo quando mal utilizado, talvez seja por este
motivo que os saberes mais profundos eram restritos as elites dominantes na
antiguidade e até a bem pouco tempo. Como também, foi através dele que o poder
se construiu. Independente de lado, o conhecimento é e sempre será uma arma.
Contemporaneamente, o conhecimento se tornou um adestramento dos ignorantes.
Pois, acham que estão recebendo liberdade, quando na verdade estão sendo
cegados por ideologias, ou seja, se vive em tempos onde o conhecimento para
fundamentar o poder, se contra põem a ideologias que querem chegar ao poder. E
quem percebe isto, é taxado de ignorante.
A
realidade deve sempre ser contestada, nunca manipulada. No entanto, o que hoje
é contestação, é na verdade a defesa (exploração indireta) de um grupo muito grande de pessoas humildes,
que vai ser os tijolos de construção da escada que leva um grupo pequeno a se
isolar no poder e se procriar enquanto estiver lá. No entanto, o povo que os
levou até lá, serão tratados da mesma forma, só que em um cenário diferente. Ou
seja, se encena que a realidade mudou, e o povo acredita sem estar realmente
vendo isto.
O
conhecimento sempre foi livre, porém com regras a ser seguidas rigorosamente.
Caso contrário aparece um ser, manipulado ideologicamente, fundamentado sua
credibilidade em diplomas, e se aproveitando desta superficial e artificial
credibilidade, para começar a propagar conhecimentos que se contradizem com que
ele um dia objetivou para um mundo melhor, mas se quer percebe estas
contradições, já que elas se ocultam em um contexto simples demais para seu
intelecto superior captar e aceitar.
Com
os pensamentos presentes neste Livro Proibido, poderá ocorrer o mesmo, e este é
o grande temor. Pois, a última coisa que estas palavras devem sofrer, é a
propagação cega, desvirtuada e condicionante. Ou seja, seria uma enorme contradição,
já que estes pensamentos combatem estes meios de transmissão de conhecimento.
Diante
disto, na perspectiva que um dia estes pensamentos ganhem asas, é criado neste
momento um selo, o qual toda vez que for rompido seu verdadeiro objetivo, as
palavras criadas pela anomalia desvirtuadora, percam o sentido e caiam na
descrença. Este selo possui efeito toda vez que for encontrada uma contradição
de entrelaçamento da ideia matriz com a sua reinterpretação no contexto das
futuras e necessárias correções, pois, a evolução do ser só cessa na eminência
de sua extinção.
Porém,
isto não é fácil perceber. Mas, o verdadeiro Guardião do segredo do livro,
rapidamente observará estas imperfeições, eis que, o livro lhe fornece
ferramentas para identificar a manipulação de suas palavras em prol de um
interesse obscuro. É da natureza desse pensamento, não existe forma de burlar
isto. Mas, a infalibilidade é utópica, já que, este livro foi feito por um
homem, e lido e interpretado por outros.