sábado, 1 de fevereiro de 2014

LUGARES INCERTOS?


Um horizonte diferente ocultava-se em minha frente, de forma clara, mas que nunca tinha percebido, era o que eu não me permitia ver, mesmo sem ter a necessidade voluntaria de querer isto. Mas este horizonte estava guardado, por seres, semelhantes aos homens, mas que transmutavam em leões para perseguir e devorar aqueles que tentassem atravessar qualquer portal o qual levasse até o mundo que possuía aquele horizonte tão intrigante. Pelo menos foi o que pensei, vivi e aos poucos compreendi aquilo tudo.  
Observei muitas esfinges me observarem, desejosas e sedentas para beber de meu sangue e degustar minha carne. Porém, não dava motivo para elas me atacarem, pois, apenas deslumbrava aquele horizonte de longe, da mesma forma que percebia que outros também faziam o mesmo. Mas, temerosos assim como eu, apenas observavam.
Por algum motivo, que até o momento não saberei explicar e duvido que algum dia eu consiga, uma esfinge discretamente se aproximou de mim, e fez a tradicional pergunta: responda-me rapaz, que ser que pela manhã, anda de quatro; a tarde anda sobre  dois pés; e a noite anda com três pés. Sem esboçar pensamento algum, respondi que era o homem, mas já me preocupava com a reação.
Para minha surpresa, a esfinge respondeu: não se preocupe com a minha reação, se preocupe com a reação do ser que você encontrou neste enigma. Pois, eu não estou aqui para impedir que as pessoas vejam o que já observam a tempo. Mas sim, para mostrar, que o monstro que aterroriza os curiosos, não é o meu corpo de leão, mas, a minha cabeça de homem. Eis que, penso como eles.
Parei, olhei para aquele propileus, e perguntei: se você é a sentinela deste portal, e pensa e age como homem, porque me deixaria entrar por este portão, se ele está tão bem escondido na minha frente? Então, parei e fugi, para longe e por muito tempo, até que um dia voltei, e lá estava a poderosa esfinge, olhando para mim. Está de volta! Exclamou ela.
Perguntei o que aconteceria se eu adentrasse por aquele portão, e ela respondeu que a resposta se descobre intimamente sozinho, apesar d’eu já carregar ela em mim. Porém, ela avisou: cuidado com o ser que caminha diferente no passar do tempo. Não perguntei por que, pois, de alguma forma já conhecia a resposta, mas faltava entendê-la. Então eu vi o mostro morrer em minha frente, transformando-se em uma possa de água, que refletia uma imagem turvada toda vez que olhava. Demorei em perceber o significado daquilo tudo, mas quando descobri, percebi que já tinha sido devorado antes mesmo de deslumbrar de longe aquele horizonte.
O que fazer agora?
Não sei mais o que sou. Tão pouco o que serei, e porque fiquei assim. Sei lá se morri ou nasci. Eis, que descobri que tudo é superficial. Tornei-me um paranóico, vendo coisa, onde ninguém vê nada, ou hipocritamente finge que não percebe. 
Tudo que sei apenas, é que quem sou ou devia ser pouco importa. Pois, observando as experiências vividas na Rede da Vida, sou um ser sem rosto, nome ou apelido, devo caminhar entres as pessoas, como um ser igual, sem características que me definam. Eis, que é assim, e somente desta forma que um “renegado” deve ser e se comportar neste corrompido planeta, e é assim que ele deve tentar se manter, mesmo caminhando entre trevas e tentações.
O que, se deve saber sobre mim é que sou o que está na vanguarda, o protetor resoluto. Este é meu nome, é assim que me denominam.  Minha história neste planeta já possui muitas páginas escritas, rabiscadas e imortalizadas em um livro que ainda esta se redigindo, até aos dias em que ainda se podem contar. Acredito em sentimentos, mas não acredito nas pessoas. Mas mesmo assim tenho que as protegê-las e educá-las. Pois, elas são o meu futuro, e eu o futuro delas. Não importando se sou ou não o ser real que deveria estar se preocupando com isso. 
Quem eu era o deveria ser, foi exterminado na minha frente, com a minha concessão. Simplesmente porque vi, ouvi e senti um santuário que poucos percebem. Que se esconde sob os nossos olhares, viaja com o som e nos toca nas mais diferentes manifestações da ação humana.
Herege o instante em que percebi este mundo. Desvirtuado o momento em que a curiosidade tentou-me a explorar o que se escondia atrás de um muro construído com sólidas e impermeáveis rochas transparentes. Mas amaldiçoado, foi o momento em que achei um portão, em tão magnífica e poderosa estrutura.
Quantas vezes com ares sanhudos de façanhas cruzei aquele portão. Quantas foram às vezes que ignorei os avisos que em suas colunas estavam sabiamente redigidos. Porém, poucas foram às vezes que voltei da mesma forma que entrei. No entanto, aprendi de forma prática, o que os avisos me alertavam. Eis, que o reino profanado, é carregado por quem lhe visita. Jamais é esquecido e infelizmente corrompe tudo aquilo que até então foi construído convencionalmente.     
Quem atravessa este portão, já sente um vento incomum que toca a alma. E este vento aos poucos se torna uma tormenta, que se tipifica numa difícil missão de viver em paz. Nada tem fundamentos plausíveis, mas tudo que deve embasar o exercício do raciocínio, não possui mais origem no campo da indignação. Mas sim, na simples  observação de ação e reação da vida que nos cerca, no suposto mundo real e palpável que trilhamos. Mas, em um contexto, valorado no discutível mundo dos poderosos deuses do Inferno.
O sentimento rebelde que ascende não se forja mais em motivações superficiais. Pois, ele faz parte da natureza do ser, que busca defender sua sobrevivência natural, e não interesses artificiais. Todas as pessoas o carregam. Porém, poucos conseguem o despertar de forma racional e útil.    
A ascendência rebelde, não se reverte em ser expressa contra o Governo. Pois, é fácil e superficial julgar e culpar, aqueles que assumem responsabilidades por tudo e todos. Mesmos estes fazendo um péssimo trabalho e servindo como ferramentas dos  interesses obscuros dos “deuses”. Mas..., tais sentimentos exaltados, fazem-no refletir, e esta reflexão, leva-nos a lugares complexos e conflitantes. Pois, apontam sempre para um grande espelho, onde o reflexo, não mostra o que é condicionado a ver, mas o que realmente é, mas que não se aceita contemplar como imagem real.
Imagens que nos mostram culpados em relação aos problemas que a sociedade possui. Vi-me refletido junto com meus pares, que fazem parte da sociedade global. Pois, somos cidadãos hipocritamente passivos, esperando por um “herói”. Não lutamos contra o Câncer, que causa tantos transtornos. A qual se reverte não em um único ser, mas num conjunto de atos, que moldam anomalias que a mãe sociedade despreza. Possuímos dons para transmitir a harmonia e o bem comum de forma simples, prática, desvinculada de dogmas e ideologias e abrangente, porém, nos recusamos a desenvolvê-los em virtude da troca que devemos fazer no contexto de nossas vidas.   
Contemporaneamente esta ascendência rebelde, rompeu a solidão, e se propagou como radiação. Porém, somos bandidos, por caçar bandidos! Fazemos mães chorarem, pelo filho que não soube cuidar. Fazemos a sociedade se apavorar, ao resolvermos de forma objetiva, o que poderia ser evitado e resolvido por atos simples. Causamos o medo em você, para você lembrar que possui uma consciência a temer. Não queremos o título de “herói”, só queremos equilibrar este mundo, para salvar nossos destinos.  Eis, que este planeta é a minha, a sua e a nossa casa. Pois, somos aqueles que romperam o selo e atravessaram este propileus. Agora nossos espíritos vagam sedento sob os amargos raios do sol. Correndo o risco que os poderosos “deuses” do Inferno, nunca permitam que nossos corpos e almas, jamais encontrem descanso.      
Julguem-me como louco. Mas seria normal aceitar tudo que afronte nosso livre arbítrio e sobrevivência, quando percebemos um mundo de mentira e ignorância.
As linhas tecidas que imortalizam o vento paralelo, não servem para justificar,  ou argumentar sobre um horizonte “profano” que poucos param para deslumbrar, livres de ideologias e filosofias. Mas estas linhas são um apelo para pensarem antes de se amaldiçoarem no confronto de refletir sobre o seu intimo ser e o seu reflexo na alma da sociedade.
É de consciência, de que tudo de profano que foi tecido com linhas exóticas, até o presente necessita de uma percepção qualificada e receptível, desvinculada de valores. Pois, caso contrário, só haverá uma recepção ingênua, superficial, e de julgamentos sem nenhuma reflexão. Pois, o juízo social, nem sempre se traduz em justiça, mas em satisfação e proteção de interesses.
Não sou uma esfinge que guarda o propileus, nem um guia desse mundo exótico que poucos querem ver, tão pouco alguém para ser.  Não existe necessidade de procurá-lo, eis, que é ele que nos procura. Mas se querem buscar a maldição, primeiro se achem nos seus próprios caminhos. Procurem por exemplo: saber com quem andam e onde andam os seus filhos. Descubra de onde vêm os bens de seus parentes, se estes forem incompatíveis com a renda que eles possuem,...
É! Às vezes os primeiros sinais do portal, que se encontra no paralelo horizonte, se abrem no seio de nossos sonhos. Pois, este é o seu disfarce.
Este é um propileus. Um portal, lacrado. Um sinal nítido de proibido a entrada. Um risco eminente para o ciclo existencial. Pois, do outro lado existem estórias que o Anjo da Morte, ceifa almas. E que a Fênix a ressuscita em seu fogo. Porém, ficam marcas de ter conhecido a morte. Quem atravessa este propileus, deixa de ser escravo para se tornar servo de um novo senhor onipresente, que se oculta no próprio ser.
Ninguém é obrigado a atravessá-lo, mas uma vez atravessado, se tornará um renegado. Um condenado, a vagar pelo planeta como um alienígena. É o preço pelo que não se pode contemplar sem lutar. É um valor muito alto, para quem renasce.
Este é um propileus, é o reflexo de sua consciência e razão. É o seu universo, o seu segredo propagado. O seu fim, e o seu começo, diante de uma realidade profanada.
Você quer atravessar este propileus?
Então, pense em tudo que leu até aqui, não observe a literalidade das palavras, mas o mundo que se esconde em seu verdadeiro sentido. Pois, é esta visão que você ira deslumbrar a partir do momento que atravessar este portal. Porém, um aviso: existe muito a perder, em relação a ganhar. 
Saiba que todos nós temos alguma coisa para perder. Porém, o que perdemos muitas vezes, era o que achávamos ser algo vital, intocável e extremamente protegido. A tal ponto de sermos escravizado por isto. Pois, o que ganha perdendo isto, é a liberdade. Mas não a convencionada pelos homens. Mas a liberdade de perceber, que não somos livres, que estamos ligados uns aos outros, por nossa essência, não importa se energética, atômica ou espiritual. Isto, pouco vai importar, pois, só o fato de perceber esta interdependência, já nos torna prisioneiro com uma missão ingrata.
Não deveria dar conselhos se deve ou não atravessar este propileus, apenas avisar, descrever superficialmente a face, do que não era para ser visto. No entanto, o livre- arbítrio deve ser respeitado, não importando a situação ou consequência, pois, é ele que nos faz evoluir.
Se quiser atravessar este propileus, evite olhar para trás, não pense no que irá perder. Tão pouco, crie perspectiva sobre o que vai ganhar. Este é o mundo do dever ser, para que os outros sejam como se deveria ser. O que nós deveríamos ser então?
Não existem vícios, bem ou mau, morte ou vida, paz e guerra,..., somente sentimentos, já que eles são parte natural do homem. No entanto, não se radicalizam tão pouco adormecem. É o mundo do sonho dos homens, mas que não satisfaz ele.
Gostaria de convidá-los a deslumbrar este mundo, mas não devo. Porque sei, que ninguém fará um passeio por ele, já que ele não é um lugar que permite ser deixado. Quem entra neste mundo, jamais sai dele, carrega ele para sempre. Ele não é um refúgio, tão pouco um retiro espiritual, mas é o último lugar que se deve estar, quando se pretende achar um rumo para a vida. Pois, quem se perdeu na vida, procura a morte ao entrar e descobrir o que representa.
Este é um propileus, um portal, que leva ao nada, até ao lugar nenhum. Onde se perde tudo, e não se acha nada. É uma maldição, que não vai morar mais em você, mas em outrem. Pois, você, viverá de seus passos e dos passos de seu próximo, e também de quem você nunca viu. Porque você carrega um segredo, que não é segredo. Mas que todo mundo vê, mas não percebe.
O que é proibido te escolheu, mas você não precisa aceitar esta escolha. Porém, nunca transcenda este propileus, sem o ter o compreendido. Da mesma forma, jamais evite a compreensão dos outros portais que ira encontrar. Siga sempre pela estrada, nunca por atalhos. Estágios cortados são raciocínios mal interpretados.
Não recaia na tentação; não entre por curiosidade; não entre pretendendo aprender, tão pouco para criticar. Entre para refletir. Mas saiba, que ao entrar, por este portal irá passar outras vezes. Porque é da natureza maldita dele. Mas ele é o menor dos problemas, já que se continuar, deve se preocupar com o aquele que anda diferente ao passar do tempo. Eis que ele é semelhante a você, mas não pensa como você, e nunca pensara, pois, é ai que mora o segredo da evolução não importando se biológico, social ou espiritual. Nunca se esqueça disso e reflita sempre sobre isso. 

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